ATA DA QUADRAGÉSIMA QUINTA SESSÃO ORDINÁRIA DA
PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM
06-6-2005.
Aos seis dias do mês de junho de dois mil e cinco,
reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada, sendo respondida
pelos Vereadores Adeli Sell, Bernardino Vendruscolo, Carlos Todeschini, Elói
Guimarães, Ervino Besson, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz,
Manuela d'Ávila, Margarete Moraes, Maristela Maffei, Maristela Meneghetti,
Mônica Leal e Raul Carrion. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores
Alceu Brasinha, Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Carlos Comassetto, Claudio
Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elias Vidal, Haroldo de Souza, Ibsen
Pinheiro, José Ismael Heinen, Márcio Bins Ely, Maria Celeste, Mario Fraga,
Maurício Dziedricki, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro, Paulo Odone, Professor
Garcia, Sebastião Melo, Sofia Cavedon e Valdir Caetano. Constatada a existência
de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a
distribuição em avulsos de cópias das Atas da Quadragésima Primeira e
Quadragésima Segunda Sessões Ordinárias e da Décima Quarta Sessão Solene que,
juntamente com as Atas da Trigésima Nona e Quadragésima Sessões Ordinárias, foram
aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Adeli Sell, o Pedido de
Providências nº 1232/05 (Processo nº 3535/05), o Pedido de Informações nº
144/05 (Processo nº 3531/05) e a Indicação nº 048/05 (Processo nº 3453/05);
pelo Vereador Alceu Brasinha, o Pedido de Informações nº 135/05 (Processo nº
3245/05); pelo Vereador Claudio Sebenelo, o Projeto de Lei do Legislativo nº
156/05 (Processo nº 3131/05); pelo Vereador Ervino Besson, os Pedidos de Providências
nos 1157, 1158 e 1159/05 (Processos nos 3346, 3347 e
3348/05, respectivamente); pelo Vereador Haroldo de Souza, os Pedidos de
Providências nos 1106, 1107, 1109, 1111, 1113, 1114, 1115, 1116,
1117, 1118, 1120, 1122, 1125, 1127, 1130, 1132, 1135, 1137, 1139, 1141, 1144,
1163, 1194, 1195, 1196, 1197, 1198, 1199, 1200, 1201, 1202, 1203, 1204, 1205,
1206, 1207, 1208, 1209, 1210, 1211, 1212, 1213 e 1214/05 (Processos nos
3277, 3278, 3280, 3282, 3284, 3285, 3286, 3287, 3288, 3289, 3291, 3293, 3296, 3298,
3301, 3303, 3306, 3308, 3310, 3312, 3315, 3368, 3480, 3481, 3482, 3483, 3484,
3485, 3486, 3487, 3488, 3489, 3490, 3491, 3493, 3494, 3495, 3496, 3497, 3498,
3499, 3500 e 3501/05, respectivamente) e o Projeto de Lei do Legislativo nº
172/05 (Processo nº 3461/05); pelo Vereador Isaac Ainhorn, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 218/04 (Processo nº 5270/04); pelo Vereador João Carlos Nedel,
os Pedidos de Providências nos 1178, 1179, 1180, 1181, 1182, 1183,
1226, 1227, 1228 e 1229/05 (Processos nos 3429, 3430, 3431, 3432,
3433, 3434, 3515, 3516, 3517 e 3518/05, respectivamente) e o Pedido de Informações
nº 139/05 (Processo nº 3399/05); pelo Vereador Márcio Bins Ely, os Pedidos de
Providências nos 1217 e 1220/05 (Processos nos 3504 e
3507/05, respectivamente) e o Projeto de Lei do Legislativo nº 168/05 (Processo
nº 3388/05); pela Vereadora Margarete Moraes, a Emenda nº 01 ao Projeto de Emenda
à Lei Orgânica nº 009/05 (Processo nº 3031/05), os Projetos de Lei do
Legislativo nos 163 e 165/05 (Processos nos 3260 e
3262/05, respectivamente) e o Projeto de Resolução nº 104/05 (Processo nº
3261/05); pela Vereadora Maristela Maffei, o Pedido de Providências nº 1187/05
(Processo nº 3450/05) e os Pedidos de Informações nos 131 e 142/05
(Processo nº 3162 e 3446/05, respectivamente); pelo Vereador Maurício
Dziedricki, os Pedidos de Providências nos 1175, 1184, 1185 e
1186/05 (Processos nos 3420, 3447, 3448 e 3449/05, respectivamente);
pelo Vereador Sebastião Melo, o Projeto de Lei do Legislativo nº 043/05
(Processo nº 0976/05). Do EXPEDIENTE, constaram os Ofícios nos
10189961, 10189968, 10189971, 10189972, 10189984, 10189989, 10189990, 10189992,
10189993, 10190003 e 10190008/05, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da
Saúde. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, à
Senhora Janete Viccari Barbosa, representando a entidade União Pela Vida, que
discorreu a respeito do envolvimento da sociedade com a questão ambiental,
enfatizando que o habitat humano é composto pelo ambiente natural e urbano.
Dessa maneira, salientou a importância da preservação de áreas de interesse
ambiental, citando como exemplo locais de importância cultural no Município de
Porto Alegre. Durante o pronunciamento da Senhora Janete Viccari Barbosa,
procedeu-se à apresentação de audiovisual referente ao tema abordado na Tribuna
Popular. Após, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Claudio
Sebenelo, Haroldo de Souza, Mônica Leal, Márcio Bins Ely, Maurício Dziedricki,
Sofia Cavedon, Raul Carrion e Clênia Maranhão manifestaram-se acerca do assunto
tratado durante a Tribuna Popular. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a
presença do Senhor Tarcízio Teixeira Cardoso, Secretário do Gabinete de
Acessibilidade e Inclusão Social. Às quatorze horas e quarenta e seis minutos,
os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas
e quarenta e oito minutos, constatada a existência de quórum. Após, foi
apregoado Requerimento de autoria do Vereador João Antonio Dib, solicitando
informações a respeito da Comissão Julgadora do Concurso Público para
provimento do cargo de Procurador da Câmara Municipal de Porto Alegre. A
seguir, foi iniciado o GRANDE EXPEDIENTE, tendo o Senhor Presidente informado
que, durante esse período, seria realizada homenagem à revista Aplauso.
Compuseram a Mesa: o Vereador Elói Guimarães, Presidente da Câmara Municipal de
Porto Alegre; os Senhores Jorge Polydoro, Eugênio Esber e Felipe Polydoro,
respectivamente Diretor-Geral, Diretor de Redação e Diretor Administrativo da
revista Aplauso; a Senhora Maristela Bairros, Assessora de Comunicação da
Secretaria Estadual da Cultura, representando o Senhor Roque Jacoby, Secretário
desse Órgão; o Vereador Nereu D'Avila, 1º Secretário deste Legislativo. Ainda,
como extensão da Mesa, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Senhores
Justo Werlang, Vice-Presidente da Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul
e Vice-Presidente da Fundação Iberê Camargo; Wilson Muller, Presidente da
Câmara de Turismo do Rio Grande do Sul; Daniel Feix, Flávio Ilha, Fábio
Prikladnicki, Dirceu Chirivino, Andréas Muller, Cristiano Santarem, Patrícia
Muller e Sheila Meyer, respectivamente Editor, Subeditor, Jornalista,
Arquivista, Editor-Executivo, Gerente de Marketing e Circulação, Coordenadora
de Eventos e Assessora de Imprensa da revista Aplauso. Em GRANDE EXPEDIENTE, a
Vereadora Margarete Moraes cumprimentou a revista Aplauso pelos sete anos de
existência e discorreu sobre a riqueza cultural da Cidade de Porto Alegre, afirmando
que esse órgão de comunicação faz parte desse patrimônio. Ainda, referiu-se aos
prêmios conquistados pela revista Aplauso desde sua criação e destacou, especialmente,
o enfoque por ela dado a todas as edições da Bienal do Mercosul, bem como à
vida e obra do artista Iberê Camargo. Em continuidade, O Senhor Presidente
convidou a Vereadora Margarete Moraes a proceder à entrega de placa comemorativa
ao Senhor Jorge Polydoro, concedendo a palavra à Sua Senhoria, que destacou a
importância da homenagem prestada por esta Casa à revista Aplauso. Às quinze horas
e onze minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados
às quinze horas e dezessete minutos, constatada a existência de quórum. Em seguida,
o Vereador Claudio Sebenelo procedeu a leitura de documento enviado ao Senhor
Beto Moesch, Secretário Municipal do Meio Ambiente, assinado conjuntamente
pelos Vereadores José Ismael Heinen e Luiz Braz, o qual expressa solidariedade
a Sua Senhoria por agressões sofridas no dia quatro de junho do corrente, em
visita ao Morro do Osso, tendo os Vereadores Mario Fraga, João Carlos Nedel e
Bernardino Vendruscolo manifestado-se sobre o assunto. Em GRANDE EXPEDIENTE, a
Vereadora Maristela Meneghetti debateu a questão da segurança no Município, afirmando
que os serviços públicos responsáveis por essa área não estão agindo de maneira
eficaz no combate à criminalidade. Em relação ao assunto, solicitou atuação
mais efetiva em prol da segurança da população e manifestou-se contrariamente
ao desarmamento da Guarda Municipal de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÕES, o
Vereador Paulo Odone noticiou a realização de reunião, no dia dez de junho do
corrente, nesta Casa, na qual serão debatidos Projetos relacionados a desconto
nos valores de entradas em casas de espetáculos culturais e esportivos, a fim
de construir um modelo de desenvolvimento que gere inclusão social para a
juventude de Porto Alegre. Ainda, comentou denúncias sobre a possibilidade de
corrupção na Câmara dos Deputados, em Brasília. O Vereador José Ismael Heinen
discutiu as denúncias de corrupção divulgadas na imprensa nos últimos dias,
sustentando a necessidade de que todos os fatos sejam apurados. Também,
reportou-se ao aumento da pobreza no País e à concentração da riqueza em menos
de um por cento do povo brasileiro, tecendo considerações a respeito dos
problemas da diminuição do poder aquisitivo, enfrentada, principalmente, pelos
funcionários públicos, aposentados e militares. Na oportunidade, foi aprovado
Ofício de autoria da Vereadora Maristela Maffei, informando seu afastamento da
Comissão de Constituição e Justiça, a partir desta data, indicando o Vereador
Carlos Todeschini para compor esta Comissão no lugar de Sua Excelência e
solicitando sua nomeação como integrante da Comissão de Economia, Finanças,
Orçamento e do MERCOSUL. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Maristela Maffei
contraditou o Vereador Paulo Odone, por críticas feitas ao comportamento do
Partido dos Trabalhadores no Governo Federal, alegando que esse Vereador fez
parte, quando Deputado Estadual, de diversas Comissões Parlamentares de Inquérito
que não tinham finalidade plenamente justificada. Nesse sentido, defendeu o
Governo do Senhor Luiz Inácio Lula da Silva e contrapôs-se à instalação de CPI
no Congresso Nacional. A Vereadora Neuza Canabarro analisou o Seminário
Internacional de Gestão e Legislação Urbana, realizado nos dias primeiro e dois
de junho do corrente em Brasília – DF, afirmando que foi exposta somente a
visão do Governo Federal em relação a planos de gestão pública. Nesse sentido,
alegou que não houve nenhum debatedor contrapondo as idéias apresentadas nesse
Seminário e defendeu uma maior discussão em eventos semelhantes que venham a
ser realizados no futuro. O Vereador Raul Carrion prestou sua solidariedade ao
Secretário Beto Moesch, que foi agredido no sábado passado por índios
caingangues, no Morro do Osso. Ainda, reportou-se à Reunião da Comissão de
Urbanização, Transportes e Habitação, a ser realizada amanhã nas dependências
da Caixa Econômica Federal, na Rua dos Andradas, por falta de condições nesta
Casa. Finalizando, defendeu a manutenção da Família Silva, descendente de
escravos, em área localizada no Bairro Três Figueiras. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER,
o Vereador Professor Garcia registrou sua presença, hoje pela manhã, na
inauguração do Centro Esportivo da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul – PUCRS, parabenizando essa Universidade pelos investimentos na
infra-estrutura do local. Também, discutiu as notícias sobre o Plano Plurianual
apresentado pelo Governo Municipal, questionando a previsão de investimentos de
nove bilhões de reais em áreas sociais nos próximos quatro anos. Durante seu
pronunciamento em Comunicação de Líder, o Vereador Professor Garcia formulou
Requerimento verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando que sejam
disponibilizadas aos Senhores Vereadores cópias do Projeto de Lei do Executivo
nº 009/05 (Processo nº 3525/05). A seguir, foi apregoado o Ofício nº 148/05, do
Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o Projeto de Lei do
Executivo nº 009/05 (Processo nº 3525/05). Em PAUTA, Discussão Preliminar,
estiveram: em 2ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo
nº 012/05, discutido pelos Vereadores João Antonio Dib, Carlos Todeschini,
Mônica Leal, Bernardino Vendruscolo e Carlos Comassetto, os Projetos de Lei do
Legislativo nos 131, 134 e 158 e 120/05, este discutido pelo
Vereador João Antonio Dib; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nos
077, 143 e 144/05, os Projetos de Resolução nos 100 e 101/05; em 4ª
Sessão, o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 009/05; em 5ª Sessão, o Projeto
de Resolução nº 098/05. Em continuidade, o Vereador Dr. Goulart formulou
Requerimento verbal solicitando que a Comissão de Defesa do Consumidor e
Direitos Humanos realize diligência em relação às agressões sofridas pelo
Senhor Beto Moesch, Secretário Municipal do Meio Ambiente, em vistoria ao Morro
do Osso no dia quatro de junho do corrente, tendo o Vereador Ervino Besson, na
condição de Presidente dessa Comissão, informado que tomará as providências
necessárias para a investigação do ocorrido. Na ocasião, o Senhor Presidente
registrou a presença do Senhor Caco Coelho, Diretor do Centro Cultural Usina do
Gasômetro. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Nereu D'Avila discorreu acerca
da gravidade das acusações de corrupção feitas pelo Deputado Federal Roberto
Jefferson, analisando matéria publicada no jornal Folha de São Paulo sobre o
suposto pagamento de propinas no Governo Federal. Ainda, exclamou que esses
fatos devem ser apurados com o devido rigor, a fim de que a democracia e a
respeitabilidade dos parlamentos brasileiros não seja afetada. O Vereador Maurício
Dziedricki apoiou a idéia de renúncia coletiva da Executiva Nacional do Partido
Trabalhista Brasileiro, repudiando atos que possam afetar a imagem dos políticos
brasileiros. Ainda, convidou a todos para reunião da Comissão de Defesa do Consumidor
e Direitos Humanos para tratar de assuntos relacionados a empreendedorismo e
cooperativismo e repeliu os atos de agressão ao Secretário Municipal Beto
Moesch, propondo punição aos responsáveis. O Vereador Carlos Todeschini procedeu
à leitura de nota publicada pelo Senhor José Genoíno, Presidente Nacional do
Partido dos Trabalhadores, na qual são rebatidas as acusações feitas ao PT pelo
Deputado Federal Roberto Jefferson. Em relação ao assunto, declarou que setores
da sociedade e da imprensa estão agindo com o intuito de desestabilizar o
Governo Federal. Finalizando, indagou o Governo Municipal acerca da origem dos
recursos previstos para investimentos no Plano Plurianual. O Vereador Luiz Braz
comentou incidentes ocorridos no dia quatro de junho do corrente, na região do
Morro do Osso, que resultaram em agressões ao Secretário Municipal do Meio
Ambiente, questionando posicionamentos do Partido dos Trabalhadores com
referência ao episódio. Ainda, avaliou denúncias publicadas na imprensa, de que
integrantes do Congresso Nacional estariam sendo pagos para apoiar propostas
encaminhadas pelo Governo Federal. O Vereador Sebastião Melo, opinando que a
corrupção é um problema antigo no País, propugnou pelo enfrentamento efetivo
dessa questão e abordou matérias divulgadas na imprensa, de que o Partido dos
Trabalhadores estaria pagando valores mensais a políticos para garantir apoio
ao Governo Federal. Nesse sentido, defendeu a instalação de Comissão
Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional, sobre denúncias de corrupção na
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. A Vereadora Manuela d’Ávila saudou
a Diretoria do Centro Acadêmico Arlindo Pasqualini, da Faculdade de Comunicação
Social da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, eleita no dia
dois de junho do corrente. Também, aludindo à possibilidade de instauração de
Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional, relativa a denúncias
de irregularidades na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, elogiou a
atuação do Governo Federal no combate à corrupção. A Vereadora Clênia Maranhão
declarou que o Brasil atravessa uma grave crise ética, política e
institucional, mencionando matérias publicadas na imprensa, quanto a declarações
do Deputado Roberto Jefferson, sobre supostos pagamentos de propina a políticos
em troca de apoio ao Governo Federal. Finalizando, ressaltou a importância de
uma completa elucidação do assunto, para que sejam punidos os culpados e não
sejam prejudicados aqueles que realizam um trabalho realmente voltado ao
bem-comum. O Vereador João Antonio Dib leu trechos da reportagem da edição nº
369/05 da Revisa Época, intitulada “O laranja de Jefferson”, analisando o
impacto das denúncias efetuadas pela imprensa, acerca de possibilidade de
corrupção envolvendo parlamentares brasileiros. Nesse sentido, destacou os
prejuízos à população decorrentes do mau gerenciamento de recursos públicos,
citando especialmente políticas que foram implantadas pelo Senhor José Sarney
quando Presidente da República. Em prosseguimento, foi apregoada a Emenda nº
02, proposta pela Vereadora Margarete Moraes e assinada pelo Vereador Carlos
Todeschini, Vice-Líder da Bancada do PT, ao Projeto de Lei do Executivo nº
007/05 (Processo nº 2666/05). A seguir, constatada a existência de quórum, foi
iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador
Mario Fraga, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante
na Ordem do Dia, por vinte e um votos SIM e nove votos NÃO, após ser
encaminhado à votação pelos Vereadores Aldacir Oliboni, Professor Garcia e Raul
Carrion, em votação nominal solicitada pelo Vereador Mario Fraga, tendo votado
Sim os Vereadores Alceu Brasinha, Almerindo Filho, Bernardino
Vendruscolo, Claudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elias Vidal, Ervino
Besson, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro, João Antonio Dib, João Carlos Nedel,
José Ismael Heinen, Luiz Braz, Mario Fraga, Maristela Meneghetti, Mônica Leal,
Nereu D'Avila, Neuza Canabarro, Paulo Odone e Sebastião Melo e Não os
Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini,
Manuela d'Ávila, Margarete Moraes, Professor Garcia, Raul Carrion e Sofia
Cavedon. Em prosseguimento, foi rejeitado Requerimento de autoria da Vereadora
Sofia Cavedon, solicitando o adiamento, por cinco Sessões, da discussão do
Projeto de Lei do Executivo nº 007/05, por onze votos SIM e quatorze votos NÃO,
após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Adeli Sell, Sofia Cavedon,
Professor Garcia e Raul Carrion, em votação nominal solicitada pela Vereadora
Sofia Cavedon, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni,
Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Manuela d'Ávila, Margarete Moraes, Maria
Celeste, Maristela Maffei, Professor Garcia, Raul Carrion e Sofia Cavedon e Não
os Vereadores Alceu Brasinha, Almerindo Filho, Claudio Sebenelo, Clênia
Maranhão, Dr. Goulart, Ervino Besson, João Carlos Nedel, José Ismael Heinen,
Luiz Braz, Mario Fraga, Maristela Meneghetti, Mônica Leal, Neuza Canabarro e
Paulo Odone. Na
oportunidade, por solicitação do Vereador Professor Garcia, foi realizada
verificação de quórum, constatando-se a existência do mesmo. Também, em face
Questão de Ordem formulada pelo Vereador Mario Fraga, o Senhor Presidente
prestou informações acerca da possibilidade de realização de verificação de
quórum a qualquer momento da Sessão. Ainda, os Vereadores Mario Fraga e Luiz
Braz manifestaram-se acerca da exigência de registro de presença pelos
Vereadores junto ao Sistema Eletrônico de Votações durante as verificações de
quórum realizadas na Casa. Às dezoito horas e trinta e dois minutos, constatada
a inexistência de quórum deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados
os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da
próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Elói Guimarães, João Carlos Nedel e Aldacir Oliboni e secretariados
pelos Vereadores Nereu D’Avila e Luiz Braz. Do que eu, Nereu D’Avila, 1º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em
avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos à
A Srª Janete Viccari Barbosa, representando a União
pela Vida, está com a palavra para tratar de assunto relativo a Áreas de
Interesse Ambiental como patrimônio cultural, pelo tempo regimental de 10
minutos. A Srª Janete fará também a projeção de datashow. Queremos
também saudar diferentes ONGs e movimentos em defesa do meio ambiente e da
ecologia.
A SRA. JANETE VICCARI BARBOSA: Boa-tarde, Sr.
Presidente, boa-tarde a todos, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
todas as pessoas aqui presentes, que tiveram a bondade de aqui comparecer para
ouvir mais uma manifestação de uma entidade de nossa Cidade preocupada com a
questão ambiental, como é o caso da nossa, a União pela Vida. Como muitos dos
senhores já sabem, eu também faço parte do Movimento Petrópolis Vive, que tem
se envolvido com questões de planejamento urbano.
No pronunciamento de hoje, vamos juntar dois
aspectos, o ambiente natural e o ambiente urbano; como veremos, eles são duas
vertentes de uma questão: o habitat humano. Nosso foco será o cuidado
com o habitat humano na perspectiva de um futuro viável.
Em geral, vemos a natureza como uma coisa dada, com
recursos ilimitados, sempre disponíveis para atender às nossas necessidades,
bastando superar algumas dificuldades de extração ou de custo para a sua
obtenção, seja no extrativismo, no cultivo ou na geração de energia. Em nosso
imaginário, a natureza faz parte da Mãe Planeta, que nos oferece suas riquezas
e sua beleza, sempre se renovando, numa capacidade ilimitada de auto-regulação
reequilibradora. Mas a população aumentou, as florestas estão desaparecendo, os
rios recebem toneladas de venenos, agentes químicos e dejetos orgânicos; os
mares têm suas populações de peixes diminuídas pela pesca supereficiente, que
alcança até mesmo as regiões polares. Parece que a nossa confiança na
prodigalidade e auto-renovação da Mãe Terra é imensa. Temos lido sobre isso há
décadas, vemos na TV programas extraordinariamente bem feitos mostrando essa
realidade, bem como as maravilhas da natureza, que estão em constante ameaça de
desaparecimento. Mas parece que não é bem conosco a questão! Afinal, nenhum de
nós está matando baleias, empunhando motosserras, poluindo os rios com
mercúrio, caçando marrecas. Nós somos do “bem”!
O que nós, moradores da Cidade, temos a ver com
isso? Vamos partir de uma máxima do movimento ambientalista: “Pensar
globalmente, agir localmente”. Reporto-me ao pronunciamento da Edi Fonseca,
Presidente da Agapan, que me precedeu recentemente nesta tribuna: “Em apenas
cinqüenta anos, houve no Brasil uma inversão significativa da população rural
para urbana. Hoje, cerca de 80% da população brasileira vive em cidades,
tornando o País o mais urbanizado do mundo. Essa grande concentração
populacional em um único espaço acarreta inúmeros problemas, tais como:
esgotamento sanitário, manejo dos resíduos sólidos, circulação e transporte,
manejo de águas pluviais e cloacais e ainda o alto custo energético para a
manutenção dessas megacidades”.
Ah, aqui já começa a aparecer o natural subjacente
à cidade: a água que usamos, que é tratada, pois na captação ela é imprópria e
prejudicial ao consumo humano; os esgotos, que devolvemos à água e que alguns
metros adiante são de novo captados para as estações de tratamento; o nosso
gigantesco consumo energético para as máquinas industriais, elevadores,
ar-condicionado, pois quem agüenta a Cidade com seu ar poluído, quente demais
no verão, frio demais no inverno? Nossos shoppings são feericamente
iluminados e climatizados sete dias por semana. Ficamos chocados e nos damos
conta da diferença quando voltamos ao estacionamento abafado e acanhado.
Precisamos de ventiladores, aquecedores, purificadores, chuveiros, freezers,
lavadoras de roupas, secadoras, ferros de passar, lavadoras de louça e por aí
vai. O rio Uruguai e o Rio Taquari que agüentem as mais de quarenta barragens
que querem construir neles. Perdem-se florestas nativas, perdem-se até espécies
em extinção, famílias perdem suas casas, mas...as cidades têm de ter seu
abastecimento energético garantido. Nós, das cidades, temos um tremendo impacto
no ambiente natural, mas não nos damos conta, pois nós o “exportamos”, não
convivemos com ele.
Nossos carros precisam andar mais depressa, ir a
mais lugares, não importa se circulamos mais em vias de mão única, em trajetos
cabalísticos para chegarmos ao nosso destino e, com isso, gastamos mais
gasolina, mais dinheiro e poluímos o ar. Não podemos ficar parados no trânsito.
A ansiedade nos consome. A luta pela sobrevivência nos desespera, e temos de
correr atrás de emprego, de oportunidades, sucesso, saúde, estudos, festas,
encontros, tudo o que a cidade proporciona. Foi para obter tudo isso que as
cidades incharam, como mencionou a Edi Fonseca, nossa Presidente da
Agapan.
Falava-se tanto no êxodo rural, ele aconteceu. Os
moradores do meio rural se viram ao mesmo tempo atraídos e compelidos por
razões econômicas a virem para as cidades, as quais, despreparadas, continuam
sem conseguir dar resposta a toda essa gente, que não teve só o desenraizamento
material e físico da terra, mas sofreu grandes agressões culturais, mudanças na
organização familiar, modos de vida, hábitos de convivência, mecanismos de
suporte afetivo, estruturas de valores para enfrentar as vicissitudes da vida e
hábitos de consumo.
Estamos todos acostumados a comprar o que
precisamos. Ocupamo-nos em ganhar o dinheiro para assim acessar o atendimento
de nossas necessidades. Poucos têm a experiência de comer alguma coisa que
tenham plantado ou mesmo darem um destino para o próprio lixo. Às vezes, parece
até que a água vem da torneira e a luz da tomada, assim como os alimentos
brotam nas prateleiras dos supermercados. Desconectamo-nos da realidade
subjacente ao nosso modo de vida. Há uma desconexão com o nosso meio físico,
cito as palavras da Presidente da Agapan: “O território para o ser humano não é
só onde ele habita, circula ou labora; é o que lhe dá consciência e simbolismo
de pertencer àquele determinado grupo social. O elo cultural é a forma de
comunicação dos indivíduos e seus grupos sociais com o planeta. Portanto, ele é
uma herança que coloca os seres humanos em reaprendizados constantes com o meio
ambiente e com seus valores éticos e estéticos”.
Comparem essas palavras da Edi com uma frase tão
sintética quanto expressiva pronunciada pelo Sr. Rolf Naumann, da
Associação dos Amigos e Moradores do Bairro Higienópolis, em recente reunião lá
no bairro: “A aparência da Cidade - suas edificações - deveria refletir a
cultura dos moradores daquele lugar.” Vamos experimentar um pouco o sentido
dessa frase do Sr. Rolf através de algumas imagens. Vamos tentar identificar os
lugares e observar o que é que nos faz reconhecê-los. (Apresentação de imagens
através de datashow.) Todos podem notar que não estamos em Porto Alegre;
essa é Londres, é o Big Ben. E quantos de nós já vimos na televisão esses bondes,
esse casario de São Francisco? E essa fonte, tão famosa, está em Roma. Nós a
reconhecemos, nem precisamos ter ido lá! Esse castelo já nos indica: estamos no
Japão! No Japão moderno, mas um Japão medieval aqui se sustenta. O que nos faz
reconhecer esses lugares? É Londres, é São Francisco, é Roma, é o Japão. Aqui,
pelos arcos, pela aparência das pessoas e pelas roupas, nós sabemos, é a Índia,
é mesmo! Essa é a China; como sabemos? Pelas bicicletas, pelo casario, pelas
letrinhas. De novo, a China. Esses aqui são os velhos hutong, os velhos
ambientes ainda preservados desde o século XVIII, XIX, perto do Palácio
Imperial. As pessoas ainda moram neles, mas também servem para os turistas
verem como era. Aqui temos uma vista de Varsóvia. Como nós sentimos que aqui
deve ser frio? Como as pessoas querem-se proteger, como as pessoas querem-se
agrupar? Essa, tão bonita, é uma vista de Praga. Aqui temos uma outra vista de
Praga. Aqui é o Japão. Mentira! Esse é o Japão em São Francisco, nós nos
enganamos! Isso é um jardim em São Francisco. Aqui parece o quê? A Europa, a
Europa Oriental, esses velhos prédios? Não, isso é a China, esse é o Bund na
China, em Xangai; em 1920, quando os colonizadores dominavam a China, depois da
Guerra do Ópio, construíram esse casario, que ainda perdura e é guardado para
lembrar a dominação. Aqui é a Xangai moderna. Nós a reconhecemos mesmo que não
tenha tudo aquilo que nos faz ver que é a China.
E aqui vocês sabem onde estamos! Onde estamos? Não
preciso dizer, todos nós sabemos e os brasileiros também. Todos esses lugares
que eu estou mostrando agora fazem parte das Áreas Especiais de Interesse
Cultural. Elas, que estão definidas para serem protegidas, estão previstas na
nossa legislação, são espaços que devem ser disciplinados de forma a garantir a
sua perpetuação. Por que patrimônio cultural? Porque o patrimônio ambiental é o
patrimônio cultural e natural, é assim que a lei o define. São os parques
urbanos e naturais, praças, sítios, paisagem que conferem identidade a esses
espaços.
Esse estudo do qual os senhores já ouviram tanto
falar - e foi tão repetido aqui - foi feito pela Prefeitura, pela Secretaria da
Cultura, com base no velho PDDU, o antigo, de 1979, com quarenta áreas,
inclusive com novas áreas selecionadas pela própria Secretaria da Cultura. Esse
estudo foi realizado delimitando áreas, mapas, trechos da Cidade. Foram feitos
estudos arquitetônicos, foi proposto regime urbanístico para cada área,
dividindo-se centro, interior e orla. As do centro, já vimos algumas, estão
todas mencionadas nos eslaides; na orla temos treze áreas, os clubes de remo,
Parque da Harmonia, Parque Marinha do Brasil, Ipanema, Belém Novo; e no
interior temos maior número de áreas, nas quais temos lugares bastante
conhecidos, como a Ceasa, Cervejaria Brahma, Colégio Rosário, Convento do
Carmo, Pão dos Pobres.
E como a população tem-se manifestado em relação a
isso? Enfaticamente, presentemente, desde março de 2003 temos registro nos
jornais de bairro. Vejam as reportagens (Projeção de imagens.): nós, na Câmara,
portando faixas, em março de 2003, defendendo as mudanças no Plano Diretor; uma
vigília, no dia 6 de janeiro de 2004, defendendo a área de Petrópolis, onde um
grupo foi tocar e confraternizar com a comunidade; essa imagem é uma vista da
área do lado leste, lado oeste; uma outra vista no inverno; uma nova vigília,
um ano depois, Dia de Reis, em janeiro de 2005, saiu num jornal de bairro a
nossa presença; outras manifestações; a delimitação de uma área; a Alda, do
Movimento Moinhos Vive, em Petrópolis, fazendo a marcação no chão - escrevemos
no chão, conversamos com os moradores, levamos nossas faixas -; depois, em
junho, fomos para o bairro Moinhos de Vento fazer a manifestação com eles em
defesa das Áreas Especiais do Bairro, vejam que lindo evento, quanta gente,
quanta gente conhecida, quanta gente famosa, quanta gente querida, quanta gente
preocupada com o seu ambiente; mais uma demarcação em Petrópolis, e estavam
presentes todos os bairros do Movimento Porto Alegre Vive, defendendo essa
outra área, que é a da Praça Buri, um lugarzinho simples, pequeno, mas precioso
para os moradores, em julho, época em que começava a campanha política para
eleições, e nós com as nossas faixas também; fomos, Petrópolis foi junto,
abraçar o Morro do Osso, área de proteção natural, em junho de 2004, na Semana
do Meio Ambiente; outro passeio para conhecer melhor a situação do Morro,
ameaçado; mais notícias nos jornais de bairro.
No fim do ano, veio para a Câmara o trabalho das
Áreas Especiais. Por que a população se preocupa? (Projeção de imagens.) Vejam
como era essa Área Especial e, agora, que vizinho ela tem; a casa ao lado de um
prédio abandonado em construção - não ia nem vinha, não atava nem desatava -,
os vizinhos compraram, demoliram para evitar o prédio e vão fazer um jardim,
dividido entre os dois; a área da Praça Buri, em Petrópolis, comparem as duas,
ela tem uma ampliação; está sendo solicitada na Secretaria da Cultura a
ampliação dessa área, por iniciativa dos moradores. O bairro Moinhos de Vento,
que tem três áreas, também quer uni-las, quer tornar o contorno único, ampliar
a sua área. Sabemos também que outros bairros também querem - Chácara das
Pedras, Ipanema - mais Áreas de Interesse Cultural.
E eu coloquei essa última imagem com o seguinte
sentido: gosto muito dela, é tão simples, despretensiosa, tão bonita, tão Porto
Alegre, no entanto eu nem sei se ela faz parte de uma Área de Interesse
Cultural, isso não me importa, por quê? Porque, para mim, esta Cidade toda tem
de ser cuidada; toda a Cidade precisa ser pensada, cuidada, apreciada e ter os
seus problemas enfrentados com razão e sentimento. Vocês reconheceram essa
imagem? É um dos bairros antigos de Porto Alegre, é do Menino Deus, a Av.
Ganzo. Não nos enganemos com o falso argumento do desenvolvimento, que cria
situações absurdas, como a vivida por nós, porto-alegrenses, onde trezentas mil
pessoas moram em habitações sem as mínimas condições de saúde e conforto. E nos
bairros, a exemplo do meu, as pessoas estão fazendo passeata para impedir a
construção de prédios milionários e desnecessários. Que absurdo!
Como lembrou o Dr. João Paulo Fagundes, quando aqui
compareceu: “Noticiaram que a Fepam, em 17 de junho de 2004, registrou, pela
primeira vez - nunca é demais enfatizar, tomara que seja a última -, que a qualidade
do ar no Centro de Porto Alegre ameaçou a saúde dos seus habitantes...mais dois
níveis e teríamos que acionar a Defesa Civil”.
Lembramos também a divulgação do ducto forçado da
Rua Álvaro Chaves, um projeto denodadamente aprontado pelos funcionários para
garantir o empréstimo do Exterior. Mas não puderam garantir que dois pontos de
captação de água, responsáveis pelo abastecimento de 45% da população de Porto
Alegre, não serão perigosamente afetados pela vazão do novo ducto. Os estudos
pertinentes ainda não foram feitos; serão feitos, é claro. E se o resultado for
desfavorável? Atacaremos com o plano B: a construção de um outro ducto,
desviando a vazão! Será isso a propalada sustentabilidade? Fazer obras com
empréstimos e, se não der certo, fazer outra obra, de certo, com outro
empréstimo, ou... Eu deixo para os senhores imaginarem as alternativas de
conseqüências sobre a população.
Concluo, finalmente, com um comentário do Sr. Rolf
Naumann: “O que pensará de nossa Cidade o viajante que a vê pela primeira vez?
Como ele a verá? O que ele pensará a nosso respeito, seus moradores? Ele nos
reconhecerá?” Obrigada pela oportunidade e pela atenção. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Convidamos a
Srª Janete Viccari Barbosa a fazer parte da Mesa. Registramos a presença do Sr.
Tarcísio Cardoso, Coordenador do Gabinete de Acessibilidade e Inclusão Social.
O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra, nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente,
ilustre visitante que nos honra hoje com a sua presença: Janete Barbosa, eu
quero a cumprimentar, primeiro, pelo capricho, pela postura, pelo conteúdo do
que foi apresentado e pela forma como a senhora, com tanto amor e com tanta
veemência, falou dessas coisas que aparentemente não têm valor, mas cujo
somatório são de uma matéria tão ponderável, tão sólida e tão importante para a
nossa cultura, para o nosso jeito de viver, especialmente para o que nós vamos
deixar aos nossos descendentes, que é a questão do meio ambiente, inclusive
estamos comemorando a Semana do Meio Ambiente.
Ela tem que se traduzir, exatamente, para que nós,
como sociedade, num processo cultural que avança e que é extremamente confiável
nesse processo cultural, possamos garantir, não só aos nossos descendentes,
como à nossa Cidade... Porque a nossa Cidade tem jeito, tem rosto, tem uma
gente maravilhosa, tem colinas, tem um pôr-do-sol magnífico, tem um rio
espetacular. E a água, o rio e o que a gente pode chamar de ar não podem nunca ser
poluídos, ao contrário, nós temos que purificá-los e deixá-los cada vez melhor.
E não como se faz agora, quando nós estamos sentindo os efeitos, na própria
cidade de Porto Alegre, das alterações grosseiras do microclima, da microfauna,
microflora, que não podem ficar tão vulneráveis a outros interesses que
não seja o interesse desses que hoje são crianças, daqueles que vão nascer.
E, principalmente, é uma Cidade tão linda, merece,
por todos os motivos, a sua preservação como outra cidade do mundo. Muito
obrigado pela exposição magnífica, meus parabéns. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr.
Presidente, Srª Janete Viccari Barbosa, ainda estou rouco em função dos 4 a 1
da Seleção Brasileira ontem, do meu trabalho profissional, então vou ser
bastante rápido. A senhora deixou o recado: “Obrigada pela atenção”. Eu ouvi a
senhora do começo ao fim, e nós é que temos de agradecer por termos pessoas,
como a senhora e as outras que aqui se encontram, preocupadas com a Cidade, às
vezes muito mais preocupadas do que nós, porque são voluntárias, buscam,
indiscutivelmente, o interesse da nossa Cidade, a preservação do seu patrimônio
cultural, patrimônio mostrado em belos lances pela senhora, lugares
maravilhosos que a gente não tem noção de que existam ali na Bela Vista, no Rio
Branco, no Moinhos de Vento. Então, tenha a certeza de que estamos aqui para
fiscalizar e ouvir atentamente, nos mínimos detalhes, as pessoas que vêm aqui.
A senhora fez um trabalho perfeito. Receba os cumprimentos do PMDB e a certeza
de que nós estamos aqui à disposição e torcendo para que todos os seus
objetivos sejam alcançados, em nome de todos nós que moramos nesta Cidade e a
amamos. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado
pelo orador.)
(Não revisado
pela oradora.)
O SR. MÁRCIO BINS ELY: Srª Janete,
eu gostaria de cumprimentar a senhora e as demais organizações que se fazem
presentes no nosso plenário hoje, muito especialmente um amigo, o arquiteto
Nadruz. Nós sabemos da luta que vocês têm travado para preservar o futuro das
gerações vindouras do nosso Município - falo na minha condição de jovem
Vereador.
Faço esse cumprimento em nome da Bancada do PDT,
composta pela Verª Neuza Canabarro, por este Vereador e pelos Vereadores Nereu,
Dr. Goulart, Ervino Besson e Mario Fraga. Tenho a certeza de que o nosso
Partido tem um grande compromisso com a causa ambiental assim como o tem o
Prefeito Fogaça. Falo isso com muita tranqüilidade, com muita segurança porque
acompanhei, na sexta-feira, a entrega do Plano Plurianual, que está constituído
de três eixos fundamentais. Um desses eixos trata especificamente da questão
ambiental; então, eu tenho a certeza de que este Governo vai estar atento. Nós
também temos uma grande responsabilidade, no que compete à Secretaria do
Planejamento, com seu Secretário, Isaac Ainhorn.
Meus cumprimentos pela sua apresentação, pelo
compromisso, pela bandeira que vocês carregam, que é justamente a preservação
fundamentalmente do meio ambiente que cerca a nossa Cidade. Receba os nossos
cumprimentos e um grande abraço. Vida longa a este Movimento! (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. MAURÍCIO DZIEDRICKI: Minha saudação
ao Sr. Presidente, Vereador companheiro Elói Guimarães; à nossa representante
da União pela Vida, Srª Janete. A Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro do
Rio Grande do Sul tem a honra de traduzir, através da nossa Bancada de
Vereadores - Ver. Elói, Ver. Elias Vidal, Ver. Brasinha e este Vereador -, a
intenção e o cumprimento do respeito à preservação ambiental. Qualquer forma de
agressão ou de falta de preservação dos quesitos ambientais é um atentado
contra a sociedade - sociedade de Porto Alegre, sociedade gaúcha -, e essa é
uma realidade que não permitiremos. Não permitiremos de forma alguma! Nós temos
que ter a consciência de que esse passivo ambiental que vemos hoje deve ser
cada vez mais buscado através de soluções concretas para a recuperação das
grandes belezas naturais que nós temos. Na sua apresentação pudemos
constatar... E eu faço aqui uma confissão clara e evidente: como os nossos
olhos não estão acostumados com as belas paisagens de Porto Alegre! Talvez o
cimento e as grandes obras tenham ocupado a lista de preferência, ou então de
metas dos Governos, da sociedade, das pessoas, das entidades, mas há de se ter
um cuidado, sim, claro e evidente, para que esses olhos não sejam os mesmos dos
nossos jovens. Que cada vez mais a natureza esteja presente na nossa vida, como
pauta uma sociedade harmônica e equilibrada. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Sofia
Cavedon está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Prezada Janete
Barbosa e demais representantes do Movimento Porto Alegre Vive, em nome da
Bancada do Partido dos Trabalhadores, nós queremos, em primeiro lugar,
parabenizá-los pela persistência, pela consistência e qualidade de intervenção
deste Movimento na construção do Plano Diretor, na avaliação do Plano Diretor,
na conferência, na construção deste Projeto que designa, estabelece quais são
as Áreas de Interesse Cultural; parabenizá-los pela militância que fazem no seu
bairro, na sua comunidade, conscientizando e defendendo, construindo símbolos
que são mais do que uma mera resistência por um patrimônio: eles constroem
consciência coletiva, constroem solidariedade, constroem “laços de pertencimento”,
como dizia hoje a nossa Verª Margarete Moraes, ex-Secretária da Cultura, que
também é moradora do bairro Petrópolis.
Nesse sentido, nós queremos dizer que nos
orgulhamos deste Movimento, que têm forte inserção no bairro Petrópolis, porque
vocês, além de construírem consciência e defenderem esses exemplos, estão, sim,
construindo para Porto Alegre um futuro muito diferente das grandes metrópoles,
onde já é inviável viver com qualidade, viver juntos na Cidade, isso numa
Cidade sustentável, que harmonicamente respeita a história, mas que também
cresce, desenvolve-se e oferta condições de vida a todos.
Preocupa-nos - queria registrar - o reestudo, nesse
momento, do Projeto das Áreas de Interesse Cultural. Nós defendemos que ele
venha para a Casa com o aval do Movimento Porto Alegre Vive, da sociedade, que
ele não seja uma avaliação apenas do Governo; preocupa-nos porque a Casa da
Estrela, que é um exemplo emblemático em Petrópolis, recebeu um parecer
diferente no planejamento, que desconsidera as Áreas de Interesse Cultural, e
isso para nós é preocupante. Nós queremos estar alerta junto com o Movimento
para a proteção das Áreas de Interesse Cultural e Ambiental da nossa Cidade, o
que significa, em última instância, a nossa condição de manutenção da identidade
desta Cidade, da qualidade de vida e da perspectiva de vida.
Parabéns, força na luta, força para este Movimento,
que Porto Alegre esteja muito presente na revisão do Plano Diretor. Um abraço.
(Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul
Carrion está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. RAUL CARRION: Em primeiro
lugar, queríamos cumprimentar a nossa amiga Janete, em meu nome, em nome da
Verª Manuela d'Ávila, que é moradora do bairro Petrópolis também. Eu nasci e
vivi a maior parte da minha vida no bairro Moinhos de Vento. Saúdo a Agapan,
saúdo o Movimento Petrópolis Vive, Moinhos Vive, enfim, Porto Alegre Vive. A
luta que essas comunidades vêm desenvolvendo em defesa do patrimônio cultural e
natural da Cidade é uma luta de extrema importância. Nós temos visto fortes
interesses econômicos que se chocam contra essa visão de uma Cidade preservada,
com a sua alma preservada, com a sua maneira de ser preservada.
Vivemos aqui, no ano passado, quase a derrota do
Decreto-Lei, que ainda é o que mantém essa garantia. Temos certeza de que, na
discussão, na revisão do Plano Diretor, essa batalha continuará, e a presença
de vocês é fundamental; eu ficarei muito feliz de ver essa unanimidade que nós
encontramos, no dia de hoje, na defesa do patrimônio cultural e do
patrimônio natural se revelar nas votações. É o meu grande desejo; creio que
isso só vai se realizar com a presença de vocês aqui. (Palmas.) Então, por
isso, parabéns, podem ter certeza de que a Bancada do PCdoB estará junto nessa
luta. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Clênia
Maranhão está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente,
Sras Vereadoras, em nome da Bancada do PPS, constituída por esta
Vereadora e pelo Ver. Paulo Odone, queríamos saudar a Janete Viccari Barbosa,
da União pela Vida, assim como as militantes das causas culturais que estão
acompanhando a Tribuna Popular nesta tarde, o Bairro Ipanema, a Agapan, do
Petrópolis Vive, a Amoss e tantos militantes que estão envolvidos na luta pela
preservação do patrimônio cultural, do patrimônio social, do patrimônio
ambiental da nossa Cidade.
A presença de vocês tem vários significados
importantes. Primeiro, pelo profundo conhecimento que a senhora - e seguramente
os militantes que a acompanham - demonstrou a respeito desta temática, que a
trouxe a esta Casa. Segundo, nós ficamos muito felizes que isso aconteça na
Semana do Meio Ambiente, quando afloram em todos os cidadãos e cidadãs os
compromissos e as responsabilidades pela preservação do nosso meio ambiente e
pela luta por uma Cidade sustentável. Acho que não poderia ser mais oportuno,
quando nesta semana estaremos votando neste plenário a constituição de uma
Comissão revisora do Plano Diretor, que possamos beber na fonte de quem
efetivamente milita na sociedade e, portanto, conhece mais do que qualquer
outro segmento a realidade do nosso Município e a necessidade da preservação
dos prédios históricos da memória da nossa Cidade.
Por último, quero lhe dizer que a última imagem que
a senhora projetou, naquela tela, emocionou-me, porque aquela é a minha rua,
sou moradora da Av. Ganzo, apesar de ela não estar incluída entre as áreas de
preservação ambiental, nem cultural, ela é preservada por uma ação efetiva da
comunidade da Associação dos Moradores, que, conscientes do seu papel de
responsabilidade social, tem lutado para que a nossa rua seja considerada,
inclusive pelo júri popular, a mais bonita rua da Cidade. Parabéns, vida longa
à sua luta e àqueles que trabalham na causa da preservação da nossa Cidade.
(Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Todas as
Bancadas se manifestaram, portanto queremos, ao encerrar esta Tribuna Popular,
cumprimentar a Ambi - Associação do Bairro Ipanema -, a Amoss, a Agapan, o
Movimento Moinhos Vive, a Ascomjip, o Movimento Petrópolis Vive e as entidades
defensoras da ecologia, do meio ambiente, da vida. Quero cumprimentar, em
especial, a Srª Janete Viccari Barbosa, que fez aqui uma ampla exposição das
áreas culturais e ambientais do Município de Porto Alegre, da nossa Cidade.
Os Vereadores também se manifestaram. Portanto,
toda a questão está posta aí, e eu até gostaria de convidar as entidades, Srª
Janete, para que, tão logo iniciemos os debates nesta Casa sobre possíveis
alterações no Plano Diretor de Desenvolvimento Ambiental, estivessem aqui
conosco, a fim de fazermos exatamente a moldura da Cidade que todos almejamos,
que é uma cidade como a senhora colocou na sua exposição: uma cidade ambiental,
uma cidade bonita, enfim, uma cidade propícia à vida.
Estão suspensos os trabalhos para as despedidas à
Srª Janete Viccari Barbosa, representando a União pela Vida. Obrigado.
(Palmas.)
(Suspendem-se os trabalhos às 14h46min.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães – às 14h48min): Estão
reabertos os trabalhos. O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para um
Requerimento.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Requerimento): Nobre Vereador-Presidente,
um Requerimento: eu gostaria de conhecer a relação dos integrantes da Comissão
Julgadora do Concurso para Procurador da Casa, quais as razões da escolha de
cada um deles, se a Procuradoria da Câmara está representada por Procurador em
atividade ou aposentado e se são remunerados.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): V. Exª tem o
Requerimento por escrito? Eu recebo o Requerimento de V. Exª e faremos a
tramitação que se impõe para a resposta.
Passamos ao
Hoje este período é destinado a homenagear a
Revista Aplauso, nos termos do Requerimento proposto pela Verª Margarete
Moraes.
Convidamos para compor a Mesa o Sr. Jorge Polydoro,
Diretor-Geral da Revista Aplauso; Sr. Eugênio Esber, Diretor-Geral de Redação;
Sr. Felipe Polydoro, Diretor Administrativo e Financeiro; Srª Maristela
Bairros, Assessora de Comunicação, neste ato representando o Sr. Roque Jacoby,
Secretário Estadual da Cultura. Como extensão de Mesa registramos a presença do
Sr. Justo Werlang, Vice-Presidente da Bienal do Mercosul e Vice-Presidente da
Fundação Iberê Camargo; Sr Wilson Muller, Presidente da Câmara de Turismo do
Rio Grande do Sul; Sr. Daniel Feix, Editor da Revista Aplauso; Sr. Flávio Ilha,
Subeditor; Sr. Fábio Prikladnicki, Jornalista; Sr. Dirceu Chirivino,
Arquivista; Srª Sheila Meyer, Assessora de Imprensa; Sr. Andréas Muller,
Editor; Cristiano Santarem, Gerente de Marketing e Circulação das Revistas
Amanhã e Aplauso; Srª Patrícia Müller, Coordenadora de Eventos da Revista.
A Verª Margarete Moraes, proponente desta
homenagem, está com a palavra em Grande Expediente.
A SRA. MARGARETE MORAES: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)
Cumprimento também todas as pessoas presentes, artistas, intelectuais, em nome
do Sr. Justo Werlang, que é um dos colecionadores mais importantes do Brasil e
hoje Vice-Presidente da Bienal do Mercosul e Vice-Presidente da Fundação Iberê
Camargo. Em nome também das senhoras Isabel Klasmann, Gilka d’Mutti e Arlete
Mabilde, que representam o Núcleo Paulo Freire, quero cumprimentar o Claudinho
Pereira, a Preta, produtores culturais que são referência na nossa Cidade; o
escultor Luiz Gonzaga Gomes, que vai receber uma homenagem nesta Casa, e a
minha querida amiga Professora Andréa Rotunno e seu filho.
Senhoras e senhores, hoje pela manhã, alguns
Vereadores e Vereadoras do PT e outros companheiros trocávamos idéias,
discutíamos o que significa o patrimônio da nossa Cidade. O que é a identidade
cultural de Porto Alegre? Aquilo que é reconhecido por suas marcas, sua
diferença, sua singularidade mais ou menos próximo ao que a Janete Barbosa
colocou nesta Casa anteriormente. E nós chegamos à conclusão de que Porto
Alegre é reconhecida por sua riqueza, pela riqueza da sua expressão
lingüística, artística, de sua expressão sentimental e também cultural; naquela
presença que é tangível ou que é intangível, na integridade dessa expressão,
que não é superficial, que é transcendente, que vem para ficar e que faz com
que sejamos capazes de mergulhar no corpo e também no espírito na história, no
sentido da cidade de Porto Alegre.
Eu, na condição de ex-Secretária Municipal da
Cultura, acredito que a experiência artística e cultural da nossa Cidade, ou de
qualquer lugar do mundo, sempre deve ser autônoma, sempre deve ser libertária,
e o artista, o autor, o intelectual só deve submeter aos seus desejos, aos seus
sentimentos aquilo que ele acredita e que é coerente com a sua visão de mundo -
e é evidente que é influenciado também pela conjuntura.
Eu acredito que o Estado - quando me refiro ao
Estado, refiro-me aos Governos - não pode ser omisso nem medíocre no
estabelecimento das políticas culturais. O Estado tem várias funções a cumprir,
mas tem como responsabilidade muito grande, neste caso, fazer com que a obra de
arte, o livro, a peça de teatro, a música, a composição cheguem à maioria das
pessoas, para que elas, além de fruir e usufruir desses momentos, tenham
possibilidade e tenham os meios de criar e de desenvolver as suas
potencialidades, a sua própria expressão.
Assim, as pessoas se enriquecem, dão sentido à
vida, compreendem o mundo em que vivem e se transformam em sujeitos da própria
vida e da própria história. E também - por que não? - todas as pessoas têm
direito de ver uma obra de arte, de se emocionar e de ser feliz.
Essas são algumas das razões pelas quais eu quero,
hoje, nesta Casa, Presidente Elói Guimarães, querido Jorge Polydoro, demarcar,
fazer uma referência muito singela, mas também muito sincera à Revista Aplauso,
não apenas pelos prêmios, pelas distinções que conquistou ao longo da sua
história, mas pela grande ousadia. E aqui eu quero destacar a figura do
jornalista Jorge Polydoro, que, há sete anos, teve a ousadia de lançar uma
revista exclusiva, Ver. João Antonio Dib, para a arte e a cultura da nossa
Cidade, do nosso Estado. Mas, mais do que lançar, eu quero os cumprimentar por
manterem, por renovarem permanentemente e por aperfeiçoarem a Revista Aplauso:
a cada uma que a gente pega para ler a gente vê o quanto ela é melhor do que a
anterior - um processo todo de superação.
A Revista Aplauso informa - muitos veículos da
nossa Cidade divulgam e informam -, mas muito mais do que informar, ela
instiga; e aí ela é única, debate, provoca reações, opina, critica, oferece
outro olhar. Aqui também está uma singularidade dessa Revista: renova, nas
pessoas que a lêem, outras indagações. Aquelas eternas indagações: quem somos?
De onde viemos? Para onde vamos? Então trabalha com toda essa produção
simbólica da nossa Cidade, trazendo os nossos valores, Luiz Gonzaga, mas sem
ser provinciana e preconceituosa porque dialoga com expressões contemporâneas
das grandes cidades, dos grandes centros culturais do mundo.
A cada edição, com muita sabedoria e com muita
serenidade, examina, sem nenhum tipo de preconceito, a realidade, que é sempre
dinâmica, sempre em movimento, sempre mudando, e instiga os leitores a
elaborarem outras formas, outras e outras efervescentes idéias nas mais
diferentes expressões artísticas, no teatro, na música, na dança, na literatura,
na memória, no cinema, no vídeo, na fotografia. A Revista Aplauso já fez uma
matéria - e foi o único veículo, dos grandes, que fez - sobre a
descentralização da cultura em Porto Alegre; reconhece o hip hop como
uma expressão cultural, Ver. Maristela, do tradicionalismo ao carnaval. Mas eu
creio que é a primeira publicação que desvenda a fundo e desvela as artes
plásticas na nossa Cidade. Luiz Gonzaga, as artes plásticas são geralmente
vistas como uma linguagem mais hermética, as pessoas não compreendem porque não
conhecem. E eu quero sublinhar e destacar o enfoque dado, Ver. Sebenelo, na
Bienal do Mercosul, em todas as edições; o tratamento dado, com muita
seriedade, à vida e à obra de Iberê Camargo, o maior artista do século passado
- eu não sei se neste século haverá alguém que o supere.
Então, sem nenhuma submissão à linguagem vulgar, ao
fácil, sem nenhuma banalidade, é preciso dizer que a Revista Aplauso é deste
mundo e é da nossa Cidade, é daqui, é de Porto Alegre. Isso muito nos orgulha,
porque cada leitor da Revista sabe que, quando lemos, temos acesso a nós
mesmos, às nossas emoções; as pessoas se reconhecem, identificam-se ou não, e,
olhando para dentro, Ver. Dr. Goulart, conseguem olhar para fora e compreender
que há um mundo, que há uma vida coletiva e também acessam um patrimônio
artístico - essa herança cultural, os grandes tesouros da humanidade -, às
vezes são exatamente aquelas pessoas que não têm acesso, que não conseguem
viajar, não têm acesso às instituições.
Pelo serviço, pelo bem que representa para Porto
Alegre, por todas as sua qualidades visuais, formais, de conteúdo, pela
pluralidade das pautas, pelo alto padrão, a Câmara Municipal oferece esta
homenagem para vocês.
A Srª Mônica Leal: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento da oradora.) Ver. Margarete, eu gostaria de
cumprimentar, em meu nome e em nome da minha Bancada, constituída também pelos
Vereadores João Antonio Dib e João Carlos Nedel, a Revista Aplauso. Eu, como
jornalista e como cidadã, acompanho e sei o quanto ela é importante, o seu
projeto gráfico, as suas interessantes matérias. Então, ficam aqui os meus
cumprimentos e quero registrar que sou uma fiel leitora. Obrigada.
A SRA. MARGARETE MORAES: Obrigada.
Dando continuidade, a Revista Aplauso já recebeu do
IPHAN, do Ministério da Cultura, o “Prêmio Rodrigo Mello Franco”; da Secretaria
Municipal da Cultura, por duas vezes, recebeu o “Prêmio Açorianos de Literatura
- Categoria Mídia Impressa”; da Câmara Rio-Grandense do Livro, a distinção
“Amiga do Livro”; e recebeu também, em 2004, o “Prêmio O Sul - Nacional e os
Livros 2004”.
Então, por essas razões e por tantas outras razões
- nós discutíamos o que é patrimônio cultural -, a Revista Aplauso já é um
patrimônio cultural da nossa Cidade nesses sete anos de existência, em si
própria é um objeto cultural. Neste momento, quero desejar vida longa à Revista
Aplauso, que se mantenha, que continue assim como é e que receba todo o aplauso
- merecido - desta Casa. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos
convidar a proponente desta homenagem, Verª Margarete Moraes, para proceder à
entrega de uma Placa ao Diretor-Geral da Revista, no sentido de assinalar esta
homenagem.
(Procede-se à entrega da Placa.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Placa tem os
seguintes dizeres: "Câmara Municipal de Porto Alegre - Homenagem da Verª
Margarete Moraes à Revista Aplauso pela importante contribuição que este
veículo tem proporcionado à cultura gaúcha. Porto Alegre, 6 de junho de 2005.”
O Sr. Jorge Polydoro, Diretor-Geral da Revista
Aplauso, está com a palavra.
O SR. JORGE POLYDORO: Presidente,
Vereadores de Porto Alegre, eu quero dizer que estou muito feliz de estar nesta
Casa pela segunda vez, já que, alguns anos atrás, eu vim aqui receber uma
homenagem pela Revista Amanhã, que é a nossa revista de gestão e negócios. E
hoje volto para receber esta homenagem, proposta pela Verª Margarete Moraes,
que nos enche de orgulho. Como ela disse, o trabalho que a nossa Editora faz
aqui no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, é reconhecido no Brasil inteiro. A
Revista Aplauso é a segunda revista de cultura mais antiga do Brasil, com sete
anos - para vocês verem como é difícil lançar, criar e manter uma revista de
cultura neste País.
O nosso mérito foi ter acreditado não só na nossa
capacidade - do Eugênio, liderando a redação, do Feix, do Flávio Ilha, de todos
os que compõem a equipe da Revista Aplauso -, mas também ter confiado na
comunidade do Rio Grande do Sul, através de suas lideranças, nas instituições,
artistas, intelectuais, que formaram um apoio importante e fundamental para que
surgisse e se desenvolvesse um projeto como esse. Eu costumo dizer que uma
região sem uma revista de cultura é de uma forma e, com uma revista de cultura,
é de outra forma, porque a revista de cultura, independente dos veículos
diários que fazem o seu papel e têm a sua importância, tem uma missão que foi
tão bem descrita aqui pela Verª Margarete Moraes: de trazer o sentimento, a
produção, as idéias, criar um ambiente de debate, de reflexão, mostrar, por ser
uma revista impressa num papel de qualidade, numa boa gráfica, as obras dos
nossos artistas plásticos, dos nossos escultores, revelar talentos. Não foram
poucos os talentos que foram mostrados para a comunidade do Rio Grande do Sul e
de Porto Alegre através da Revista Aplauso.
Nós tínhamos muita segurança quando contribuímos
com a LIC, a nossa Lei Estadual de Incentivo à Cultura, sem a qual a Revista
não existiria. Eu quero registrar mais uma vez, e o faço em todos os fóruns do
qual participo, que sem a LIC, o apoio que significa do Governo do Rio Grande
do Sul, nós não teríamos condições nem de pensar, nem de imaginar ter uma
revista de cultura. No Brasil, as revistas de cultura só existem porque há leis
de incentivo, permitindo que as empresas apoiadoras usem da renúncia fiscal, e
nós temos várias empresas importantes do Rio Grande do Sul nos apoiando; uma
parte dos recursos que elas disponibilizam serve para apoiar o nosso projeto.
Claro que nenhuma obra de cultura deveria depender
única e exclusivamente dessa lei, mas ainda no Brasil nós temos muita
dificuldade. Exemplifico com o caso da Revista Líder, que mesmo sendo da
Editora Abril, tem muita dificuldade em ser viabilizada sem o apoio da Lei
Rouanet, que é uma lei federal; o mesmo ocorre com essa revista de São Paulo,
que recebe o apoio de uma lei do Município de São Paulo, ou como o nosso caso,
através da LIC - Lei de Incentivo à Cultura.
O meu agradecimento tem muito a ver com aquilo que
nós recebemos. E quero dizer a vocês que o retorno que vamos continuar dando à
sociedade do Rio Grande do Sul e à nossa cidade de Porto Alegre vai ser
exatamente aquele que foi referido pela Verª Margarete Moraes: tentar em cada
número, em cada edição, ser melhor, trazer novidades e qualificar o ambiente do
debate, da reflexão sobre a cultura gaúcha.Muitoobrigado.(Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Ao encerrarmos
o espaço do Grande Expediente destinado a celebrar a importância do papel e do
trabalho desenvolvido pela Revista Aplauso, proposição da Verª Margarete
Moraes, queremos saudar a Direção e os integrantes da Revista, em especial o
Sr. Jorge Polydoro, Diretor-Geral da Revista, que é um líder na área das
comunicações na nossa Cidade e no nosso Estado. É uma honra para a Casa prestar
uma homenagem a este instrumento que veicula o que é fundamental para a memória
das gerações e do próprio futuro, que é a nossa cultura. Preservar a cultura é
assumir um compromisso com a história, com todos esses valores que nos dão a
própria identidade.
Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h11min.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães – às 15h17min): Estão
reabertos os trabalhos da presente Sessão.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente,
eu gostaria de tornar pública, até para que fique registrada nos Anais da Casa,
a correspondência que enviamos ao Ver. Beto Moesch, nosso Secretário de Meio
Ambiente, que diz o seguinte (Lê.): “O meu abraço e o dos Vereadores Luiz Braz
e José Ismael Heinen expressam nossa admiração pela coragem, pelo espírito
público, mas principalmente o protesto, mesmo que os índios sejam inimputáveis,
pelo inconcebível de uma agressão injusta, que repudiamos sob todos os motivos.
Com a nossa maior solidariedade, Claudio Sebenelo, Ver. Luiz Braz e Ver. José Ismael Heinen”.
É um texto de solidariedade ao nosso caríssimo e
sempre Vereador, Dr. Beto Moesch, que, num momento de trabalho da sua atividade
como Secretário, teve a infelicidade de ser agredido violentamente e de uma
forma inconcebível. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Registramos,
portanto, a manifestação do PSDB de solidariedade ao Secretário Beto Moesch.
O SR. MARIO FRAGA: Sr.
Presidente, queria dar os parabéns ao Ver. Claudio Sebenelo e dizer que a
Bancada do PDT, se possível, se unirá a esse documento que está sendo enviado
ao Secretário Beto Moesch. Quero dizer, também, que este Vereador já havia
combinado com a Verª Mônica para que fosse feito um movimento de todos os
Vereadores. Mas, em princípio, pedimos ao Ver. Claudio Sebenelo para que, se
possível, a Bancada do PDT assine também esse documento. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Registramos
também a manifestação do Ver. Mario Fraga, pelo PDT.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr.
Presidente, a Bancada do Partido Progressista agradece a todas essas
manifestações de solidariedade ao nosso Secretário e Vereador componente da
nossa Bancada. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Registramos a
manifestação do PP, pelo Ver. João Carlos Nedel, em agradecimento.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Da mesma
forma, Sr. Presidente, a Bancada do PMDB, composta pelos Vereadores Sebastião
Melo, Haroldo de Souza, Ibsen Pinheiro e este Vereador, quer-se somar a esse
apoio, porque acredita que o Secretário não tenha sido agredido pelos
caingangues, e sim por pessoas que lá estiveram com esse propósito.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Agradeço,
portanto, a manifestação do Ver. Bernardino Vendruscolo. Evidentemente, de
parte da Presidência, também fazemos coro a esse episódio lamentável em que o
Secretário, Vereador desta Casa, Beto Moesch foi agredido. Não há
justificativas que fundamentem uma agressão, parta de quem partir.
A Verª Maristela Meneghetti está com a palavra em
Grande Expediente, por cedência de tempo do Ver. Márcio Bins Ely.
A SRA. MARISTELA MENEGHETTI: Exmo
Sr. Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras, Srs.
Vereadores, demais presentes, o tema que hoje nos traz à tribuna é a Segurança
Pública em nosso Município. Pretendo reportar-me especificamente à
ineficiência, à morosidade e à burocratização dos serviços públicos
responsáveis por essa área de atuação. Não pretendo criticar os serviços
municipais ou os estaduais de Administrações anteriores ou mesmo das atuais,
mas, sim, dizer aos nobres Pares que todos temos uma parcela de
responsabilidade na presente situação.
Somos, nesta Casa, porta-vozes da população
porto-alegrense, que nos elegeu como seus representantes, e, dessa forma, temos
o dever de exercer essa representatividade com transparência e responsabilidade
e, acima de tudo, deixar de lado discussões ideológicas, alinhamentos
partidários e até mesmo rivalidades pessoais.
Pergunto, então, aos nobres Pares: o que temos feito
para que a voz do povo desta Cidade seja ouvida e suas queixas atendidas? Todos
nós, Vereadores, encaminhamos, sim, através de nossos Gabinetes, Pedidos de
Providências e de Informações, mas será que eles realmente dão resultados? Sim
e não! Respostas chegam sobre providências que serão tomadas, estudos que serão
feitos, análises que estão em andamento. A partir disso, ficamos com a sensação
do dever cumprido? Não vejo dessa forma. Não sinto dessa forma. Sinto, sim, uma
burocracia emperrando as providências que deveriam ser tomadas. E, dessa forma,
pouco é feito na prática.
Ao nos reportarmos para a questão da Segurança
Pública, veremos uma Brigada Militar desaparelhada e ineficiente diante das
necessidades, uma Guarda Municipal impedida legalmente de portar armas de fogo
e um número razoável dos chamados “azuizinhos” pretensamente se ocupando da
circulação viária. O excesso de corporações acaba criando um clima de
rivalidade entre elas. Porém penso que elas poderiam atuar em sintonia, de
acordo com a necessidade que se apresentar. Parece-me lógico que escolas,
locais de eventos, parques e tantos outros locais de grande circulação popular
pré-programados possam receber atuação conjunta, o que não sobrecarregaria
nenhuma das instituições. Bastaria a tão conhecida vontade política. E é para
isso que conclamo a todos os senhores, representantes dos eleitores desta
Cidade, para que exerçamos uma pressão conjunta, uma cobrança contínua aos
Governos Municipal, Estadual no sentido de agilizar as providências necessárias
para uma melhoria prática e efetiva nas questões de segurança. É o momento de
agirmos como um conjunto de representantes, e não como unidades
representativas.
Um exemplo nesse sentido foi tentado e parece,
segundo nos informa a imprensa, ter sido bem-sucedido quanto ao trabalho
conjunto em locais como Theatro São Pedro, OSPA e outras casas noturnas. Como
também sabemos, a experiência positiva foi frustrada pela proibição à Guarda
Municipal do porte de armas, o que poderia ser regulamentado em nível federal.
Pergunto, então, qual seria a nossa posição a esse respeito? Iremos atuar como
Poder Legislativo Municipal ou iremo-nos omitir e ignorar essa oportunidade de
exercer, certamente com o apoio da mídia e de nossos eleitores, um papel
importante nessa conquista que se chama segurança? Não seria este o momento de,
acima de ideologias partidárias, auxiliarmos o Poder Executivo, tanto Estadual
como Municipal, nessa dura luta por mais segurança? Acredito que nossos filhos,
irmãos, pais, amigos e eleitores aplaudirão a iniciativa desse trabalho sério.
O Sr. Carlos Todeschini: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento da oradora.) Obrigado pelo aparte, Verª Maristela. É
nessa direção que nós protocolamos o Projeto de Ações Integradas de Segurança
Pública, para, inclusive, receber aporte de recursos do Governo Federal,
integrando as diversas forças que o Estado, o Poder Público tem para garantir
uma melhor segurança para os cidadãos de nossa Cidade e que também possa servir
para outras cidades, porque, de fato, é o problema que mais aflige as pessoas
na atualidade. Obrigado.
A SRA. MARISTELA MENEGHETTI: Continuemos
encaminhando, então, nossos Pedidos de Providências, mas não esqueçamos que, no
conjunto, somos cidadãos, representantes do direito e da cidadania do povo que
nos colocou nesta Casa. Como conjunto, podemos propor ações e acompanhá-las,
para que a sociedade seja atendida no seu clamor.
Por fim, lembremos que ser oposição não quer dizer
ser contra tudo, e ser situação também não quer dizer aprovar tudo. Muito
obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Passamos às
O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) Desiste. A Verª Maristela Maffei está com a palavra em
Comunicações. Verª Mônica Leal, a Verª Maristela pergunta se V. Exª pode falar
agora. Ver. Ver.José Ismael Heinen, V. Exª pode falar agora? Ver. Raul Carrion,
V. Exª pode falar agora? Também não. Fica essa Presidência em situação um pouco
difícil. Ver. Paulo Odone, V. Exª pode falar agora? O Ver. Paulo Odone está com
a palavra em Comunicações.
O SR. PAULO ODONE: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, ocupo-me da tribuna
para convidar todos os Partidos, principalmente pela sua ala jovem, para
participarem sexta-feira, dia 10, da Reunião da Comissão de Educação, presidida
pelo Ver. Adeli Sell, em que faremos um bom diálogo, um bom debate sobre esses
Projetos que tramitam na Casa com relação à meia-entrada para os estudantes e
para os menores de idade nas casas de espetáculo cultural, artístico, de lazer,
esportivo; enfim, isso atinge a classe estudantil, atinge a nossa juventude
excluída.
Eu convidaria a Verª Manuela e o Ver. Raul Carrion,
que são autores de um Projeto ao qual apresentei Substitutivo, para
construirmos um bom diálogo em cima disso. Estou convidando e procurando o
diálogo com os empresários das casas de espetáculo para que a gente possa, quem
sabe, construir um Projeto que Porto Alegre aproveite. Há capitais como Belo
Horizonte, Rio, São Paulo que já estão tirando frutos dessa ação política, e
nós, desarmados, podemos construir um caminho de inclusão social, de abertura
para a nossa juventude e, ao mesmo tempo, de democratização desse assunto. Eu
percebi na juventude dos diversos Partidos desta Casa que há uma intensa
vontade para isso. E acho que a Casa se esforçando, Ver. Brasinha, talvez
alcance êxito nessa tarefa.
Eu gostaria de dar detalhes do que é o Projeto, mas
não posso me calar - porque esta Casa é política, também se embebe, sim, desses
assuntos - diante da política nacional. Vindo para cá, agora, impressionei-me
muito ouvindo uma entrevista do Ministro Paulo Brossard de Souza Pinto sobre os
acontecimentos de hoje em Brasília e a denúncia que fez o Sr. Jefferson a
respeito da corrupção na Câmara dos Deputados, como o Governo Federal conseguiu
construir sua base de apoio e como está tendo dificuldades, Ver. Brasinha. É
algo que há muito tempo não se vê. Não sei se não é maior do que a dimensão do
que se viu na crise do Governo Collor, porque põe sobre suspeita as regras
éticas, Ver. Dr. Goulart, todo esse arcabouço a que nós vimos assistindo.
E, quando o Presidente de um Partido de base, de
apoio da base do Governo declara que levou essas denúncias ao Presidente da
República, que tomou conhecimento, chorou e não agiu, a situação atinge ares
dramáticos, porque a população perde a confiança nas instituições e nas
lideranças que estão preenchendo isso, que estão tendo o poder.
É por isso também que vendo, no fim de semana, o
constrangimento dos nossos companheiros do PTB com esse comando nacional - e
este nosso Rio Grande tem alguns orgulhos de ética e de política -, eu penso:
por que nós sempre temos que nos constranger e não aceitar o que às vezes os
nossos Partidos, os diversos, fazem em nível nacional? E ao ver o
constrangimento dos companheiros do PTB do Rio Grande do Sul, que construíram o
seu Partido, foram vinte anos trabalhando nas bases, junto ao povo, à
população, nós, do PPS, temos de expressar - eu também, num momento, tive de
mudar de Partido por diferenças - a maior solidariedade aos companheiros do
PTB. Sem nenhum constrangimento, como quem entende o que está ocorrendo,
dizemos de coração aberto: se depender do nosso apoio, da nossa solidariedade,
ajam, porque estaremos ao lado dos companheiros.
O Sr. Maurício Dziedricki: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Paulo Odone, muito obrigado pelo
aparte. É com satisfação que nós vemos o reconhecimento dos companheiros, dos
co-irmãos de Partido no Rio Grande do Sul, que lutam, que trabalham, que
militam pela ética na política. Nós, do PTB, realmente estamos sofrendo um
certo constrangimento, o qual não nos fará desistir, de forma alguma, do legado
trabalhista e da moralidade com que construímos o Partido aqui no Rio Grande do
Sul. Com certeza, a nossa maior determinação agora será a apuração correta de
todos os fatos, para que tenhamos, mais uma vez, ética na política, moralidade
e civilidade nos nossos atos.
O SR. PAULO ODONE: Obrigado, Ver.
Maurício. Eu quero cumprimentá-lo pela atitude e, mais uma vez, expresso aos
companheiros do PTB o nosso apoio, a nossa solidariedade, não só a minha, pelo
que eu percebi hoje, mas de todos os meus companheiros do PPS. Espero que nós,
juntos, possamos cobrar do Governo Federal e das lideranças políticas que hoje
dão base de sustentação ao Governo coerência e coragem de assumirem o que não
estão assumindo, que é a investigação desses fatos antiéticos que chocam a
Nação. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exmo
Sr. Presidente, nobres colegas, Vereadoras, Vereadores, público que nos
assiste, imprensa, sempre falei antes da nobre Líder Maristela Maffei, não
tenho por que não falar novamente. A minha manifestação segue a linha do nobre
colega que me antecedeu. Inclusive, quero fazer um reparo. Quando me referi, na
última vez, aos Senadores, concedendo um ato de admiração ao Senador Eduardo
Suplicy e ao Líder do PTB do Rio Grande do Sul, Sérgio Zambiasi, fui cobrado
por ter olvidado a postura líder e magnânima do Senador Pedro Simon, porque o
Senador Paim, infelizmente, chegou atrasado para assinar a lista da solicitação
da CPI. Pedro Simon foi, mais uma vez, de uma conduta ilibada, meus senhores,
inclusive torcendo para que Lula voltasse do outro lado do mundo e propusesse
um choque de retidão ao Governo brasileiro.
Mas o que me faz voltar à carga com esse pensamento
é o que foi noticiado nos jornais nesse final de semana a respeito da nossa
classe média, Ver. Brasinha. Nós estamos a ver um verdadeiro holocausto: o
aumento da pobreza no Brasil e a concentração da riqueza em menos de 1% do povo
brasileiro. Eu vejo, com muita preocupação, com muito pesar, a substituição da
nossa classe média por apadrinhados políticos, Cargos de Confiança designados
de forma inconstitucional - Medidas Provisórias criando Cargos de Confiança. E
os salários, gente, aviltam, fazem com que o coração da gente fique condoído.
Eu tive a oportunidade de presenciar isso, levando o meu próprio filho para
fazer um concurso no Banrisul em troca de quatrocentos reais. E a Av. Ipiranga
estava congestionada!
Da mesma forma, eu vejo e tenho a necessidade de me
manifestar a respeito de mais três classes esquecidas, condoídas, revoltadas,
desassistidas pelo Governo Federal. Os funcionários públicos tiveram a afronta,
meus senhores, de lhes ser proposto apenas 0,1% de aumento. Zero vírgula um por
cento de aumento! E não se vê manifestação de CUT nenhuma a respeito do aumento
do funcionalismo público. Da mesma forma, os nossos aposentados: aqueles que
ganham apenas um salário-mínimo, tudo bem, terão 15%, mas, para aqueles que
ganham um pouquinho mais do que trezentos reais, já não são mais 15%, são
apenas seis ponto alguma coisa, fazendo com que os nossos aposentados se
empobreçam cada vez mais, sob que justificativa? A de terem trabalhado a vida
toda, contribuído a vida toda para merecerem que as contas públicas sejam
ajustadas em detrimento do valor merecido pelo trabalho, pelo suor, pela
construção desta Nação? Da mesma forma, eu vejo que também está sendo
esquecida, vilipendiada a classe dos militares, a qual eu me incluo.
Prometeram, no ano passado, 33%, mas repicaram em 10% mais 23%, concederam
apenas os 10% e não deram os 23%. Presidente, não seja um falso pagador de
promessa! Então não prometa, porque já temos em Brasília as mulheres dos
militares se levantando, nesse final de semana, em Copacabana. E dou a notícia:
em Porto Alegre, elas também já estão organizadas para buscarem o que os
esposos não podem reivindicar, pois não podem se reunir em sindicatos.
Gente, fico realmente preocupado, triste por ter de
levar um filho meu, feliz, ao seu primeiro emprego para receber em torno de
quatrocentos reais. E vejo 25 mil CCs, à média de cinco mil reais, que, no
Governo todo, dá mais de dez bilhões de reais de despesa. E falta-nos creche,
falta-nos tanta coisa. Num Governo de quatro anos, há despesa com os nossos 25 mil
Cargos de Confiança; sim, senhor, Ver. Todeschini. Fica aqui a minha palavra, o
meu testemunho, o que penso, o que eu sinto. Meu muito obrigado, meus senhores.
(Não revisado pelo orador.)
(O Sr. Elói Guimarães reassume a presidência dos
trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Nós queremos
ler o Requerimento de parte de Verª Maristela Maffei, Líder da Bancada do PT.
(Lê.) “Ao cumprimentá-lo, informo-lhe que, através do Ofício nº 48/05,
encaminhei ao Presidente da Comissão de Constituição e Justiça - CCJ - a minha
exclusão como membro da mesma, a contar desta data. Outrossim, gostaria de
indicar o Ver. Carlos Todeschini para fazer parte daquela Comissão e solicitar
minha nomeação como membro da Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do
Mercosul - CEFOR. Agradeço antecipadamente. Atenciosamente, Verª Maristela
Maffei, Líder da Bancada do PT, 6 de junho de 2005”.
Em votação o Requerimento de autoria da Verª
Maristela Maffei. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
A Verª Maristela Maffei está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, senhoras e senhores,
quero quebrar rapidamente o protocolo para cumprimentar, aqui, as companheiras
lá do nosso núcleo interno do Partido, Paulo Freire, e também a minha sempre
querida Professora Neli Colombo, uma grande intelectual na área das Ciências
Políticas. Portanto, minha guru, em especial, um grande abraço.
Sr. Presidente, o tema abordado aqui pelos dois
Vereadores que antecederam esta Vereadora é instigante, principalmente quando
se trata de profissionais, de elaborar CPIs, como é o caso aqui - e não é o
Ver. Ibsen, por quem tenho muito respeito - do antes Deputado Paulo Odone,
agora Vereador, que se manifestou nesta tribuna; aliás, ele passou lá pelo
Governo Brito, que foi aquele desastre. Eu espero que ele consiga levantar o
Grêmio, ao menos, não é Vereador? Os gremistas estão atentos. Agora está aqui
nesta Casa o Vereador, colocando um caos na sociedade; o grande sonho dos
tucanos, dos peemedebistas e de tantos mais é o de voltarem ao Governo Federal.
Eu lembro, aqui, das 45 CPIs que o Fernando
Henrique abafou, uma delas foi em maio de 1997, o grampo do BNDES - aliás, o
caso dos precatórios; agora até me perco em tantos. O Presidente da República,
na questão do BNDES, foi pego autorizando o uso do seu nome para favorecer as
empresas que estavam comprando as estatais de telefonia. Isso prova que as
privatizações são um jogo de cartas marcadas, nós já sabemos, a história já
demonstrou isso e outros tantos envolvidos nessas questões. Eu acho tudo muito
lamentável.
Quando assinamos a CPI da Segurança Pública no
Governo Olívio, Ver. Paulo Odone, V. Exª que é um profissional em fazer CPIs
eleitoreiras, nós acreditávamos que, com essa postura de assinarmos,
manteríamos nossa trajetória ética de denunciar desmantelamentos das
instituições sérias como a Brigada Militar e a Polícia Civil. Lutamos contra a
banda podre daquelas instituições ligadas ao narcotráfico, a grupos de
extermínios. Para nossa surpresa, a CPI instalada na Assembléia pelo então
Presidente, o Deputado Vieira da Cunha, inverteu os papéis: nós passamos de
acusadores a acusados e, na grande mídia, fomos tratados, na figura de Olívio e
do Secretário Bisol, como bandidos.
O Sr. Paulo Odone: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Eu só queria que a senhora me
esclarecesse: como é que é, eu sou especialista em CPIs eleitoreiras?
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sim, foi isso
que eu disse, Vereador.
O Sr. Paulo Odone: V. Exª cite
uma delas.
A SRA. MARISTELA MAFFEI: A CPI que foi
instalada na Assembléia Legislativa.
O Sr. Paulo Odone: V. Exª me
desculpe, sabe de qual eu participei? A instalada pelo seu Partido quando o
Deputado Collares era o Governador. Eu fui lá com a mesma isenção. Aquela era
eleitoreira; aliás, foi um fracasso do PT, tentando atingir o Governador na
época. A ética do PT saiu pelo ralo, Vereadora!
A SRA. MARISTELA MAFFEI: Com isso,
naquela época, com essa demagogia que todos nós conhecemos, nós perdemos a
eleição. E depois foi tudo apurado - denúncias apenas eleitoreiras! E está
comprovado, Ver. Paulo Odone, do PPS; antes era do PMDB. Reviver essa história
é necessário, senhoras e senhores, porque a elite dirigente deste País está
tentando fazer a mesma coisa em nível nacional.
O PT e a sociedade elegeram Lula, mas nós não temos
a maioria dos Deputados e Senadores. Na democracia, funciona assim. E o FHC,
que foi o melhor intelectual que a elite já teve, foi o melhor e o maior
privatizador em oito anos do seu Governo, um Governo que privatizou a alma
deste País, esvaziou as 45 CPIs, em especial a CPI da Corrupção. É importante
deixar claro que, na CPI dos Correios, querem fazer com o Lula o mesmo que
fizeram com Olívio. E a corja não é do PT! É deles, e eles têm nome, têm
Partido e têm de assumir essa responsabilidade! Querem destituir a Polícia
Federal e o Ministério Público Federal! Eles não querem CPI; eles querem uma
CPI para derrotar os nossos símbolos, eles querem derrubar o PT e o Lula! Eles
não querem derrubar a corrupção, porque se autodestruiriam, porque são, na
maioria, corruptos! E o povo brasileiro sabe que FHC quer voltar para continuar
com seu mau-caratismo, porque era submisso e continua submisso às políticas de
Bush, ao FMI e à OMC.
O povo brasileiro não vai se deixar dobrar a essa
demagogia e reelegerá Lula, porque sabe que, apesar das dificuldades, nos 508
anos, desde a invasão deste País pelos europeus, não se modifica uma realidade
em quatro anos. Apesar de não termos ainda a melhor política econômica, temos
um projeto de Nação em que a principal política é a inclusão da grande
população de brasileiros e brasileiras que constroem este País. Nós não vamos
aceitar esse golpe, a democracia não vai aceitar esse golpe, nós não vamos
aceitar a demagogia daqueles que não querem e não aceitam a prestação de
serviços séria, porque ninguém desmantelou em tão pouco tempo como nós, através
da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, as corrupções que estavam guardadas
debaixo dos panos. Muito obrigada pela tolerância, Sr. Presidente. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Neuza
Canabarro está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver.
Nereu D’Avila.
A SRA. NEUZA CANABARRO: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; nobres Vereadores e Vereadoras, nós vimos até
esta tribuna para dizer que, no dias 1º e 2 de junho, participamos, em
Brasília, no auditório Nereu Ramos, do Seminário Internacional de Gestão e Legislação
Urbana. Tivemos a participação do Ver. Raul Carrion, que fazia parte da Mesa,
era um dos destaques na abertura. Tive o privilégio de servir de assessora do
Vereador, guardando a sua pasta e fotografando-o no momento de brilho. Nesse
dia, nós tivemos a presença do Presidente Severino Cavalcanti e do Ministro das
Cidades, Ministro “Olavo”, segundo o Presidente da Câmara, que repetiu, por
duas ou três vezes: “Meu parceiro e amigo Olavo”, daí todos nós fizemos um ar
de riso, inclusive eu consegui fotografar até o Ver. Carrion sorrindo pela
troca de nome do parceiro.
Eu diria que fui ao Seminário com a grande
expectativa de poder me aprofundar em relação à gestão urbana e ao Plano
Diretor, mas tivemos, naquele encontro, um aprofundamento muito grande em relação
à posição do Governo e do Ministério das Cidades sobre o que se quer e qual é a
filosofia. E eu diria mais, Ver. Carrion: para nós, que temos algum
conhecimento, aquela prática não chegou a nos envolver, mas muitos e muitos
Vereadores, porque o auditório estava completamente lotado, foram envolvidos,
foi uma lavagem cerebral em cima do que o Governo quer com o Plano Diretor, que
deverá estar pronto até outubro do ano que vem. Lamentei, porque não houve o
contraponto. Quando nos apresentaram os debatedores... Eu, enquanto professora,
tenho muito claro o que é um seminário, um palestrante convidado pela sua
experiência em determinado assunto. Logo, tem-se o quê? A escolha de
debatedores, Professor Garcia, professores que tenham conhecimento do assunto. E
qual a função do debatedor? A função de aprofundar o que foi falado, ou
questionar para dirimir qualquer dificuldade, para qualquer esclarecimento.
Lamentavelmente, os debatedores eram da mesma panela e só ficaram elogiando os
palestrantes.
Nós tivemos ali, em determinado momento, de uma
forma muito forte, conceitos que pareciam uma ameaça: “Olhe, se medidas não
forem tomadas, se os vazios urbanos não forem ocupados justamente pela
população mais carente, que é marginalizada, nós vamos ter outras favelas
estilo Rocinha, onde o Poder Público não vai entrar e vai valer a força do mais
forte”. Então, isso aí foi muito impressionante. Mas eu diria, Ver. Margarete,
que foi muito positivo, porque eu mergulhei, dois dias, no pensamento do PT em
relação ao que quer do Plano Diretor.
Nós temos inclusive, por intermédio do Ver.
Carrion, o conhecimento de que há interesse de trazer para o Rio Grande do Sul
um Seminário como esse. E eu aqui deixaria registrado que apenas uma coisa deve
ser feita nesse Seminário: o contraponto; que se possa aprofundar, debater e
mostrar aquilo que realmente se quer em relação ao Plano Diretor da cidade de
Porto Alegre. Muito obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul
Carrion está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver.
Professor Garcia.
O SR. RAUL CARRION: Exmo Ver. Elói
Guimarães, demais Vereadores e Vereadoras, todos os que nos assistem; em
primeiro lugar, nós queríamos também fazer uma rápida referência sobre o Seminário
Internacional sobre Legislação Urbana, mas faremos um pronunciamento na
quarta-feira sobre esse tema, inclusive, com relatório escrito como comumente
fazemos. Acho que foi importantíssimo o Seminário, contribuiu para o avanço da
política habitacional.
Em segundo lugar, queria dizer que, já na manhã de
hoje, às 9 horas, telefonamos para o Secretário Moesch, dizendo da nossa
solidariedade a ele e contra a agressão física que teria sofrido, independente
de questões que possamos divergir ou não no conteúdo. Entendemos que, talvez, o
Ver. Moesch se precipitou, não havia ordem de despejo contra essas moradias, e
ele, sem cobertura policial, não deveria ter ido, nem entrado numa situação de
conflito. Mas não concordamos com qualquer agressão ao Secretário, aliás, com
qualquer agressão lá fora ou dentro desta Casa, não é esse o caminho de dirimir
as divergências. (Palmas.)
Também queremos dizer que, às 14 horas, teremos uma
reunião da CUTHAB, a realizar-se no dia de amanhã, no auditório da Caixa
Econômica Federal, Rua dos Andradas nº 1000, 12º andar, onde a Caixa irá
apresentar todos os seus programas de habitação para famílias de baixa renda: o
PSH, o Crédito Comunitário, a Resolução nº 460, o Material de Construção, o PAR
e assim por diante, para permitir que as comunidades tomem conhecimento. E
aproveitamos, evidentemente, a abrangência da TVCâmara para que todas as
comunidades tomem conhecimento.
Queremos dizer que, lamentavelmente, não iremos
fazer o evento nesta Casa, que poderia estar sendo feito neste espaço, porque,
apesar de solicitarmos, Ver. Dr. Goulart, o espaço nos foi negado. Isso obriga
a CUTHAB a fazer muitas das suas reuniões fora da Câmara, porque não encontra
local nesta Casa; apesar de, às vezes, o Plenarinho estar fechado, a comunidade
não pode utilizá-lo. Cremos que a Mesa deverá, oportunamente, resolver esse
problema, porque é um desrespeito à população da Cidade, um desrespeito à
CUTHAB.
Queria trazer aqui a nossa solidariedade à família
Silva, lá nas Três Figueiras, comunidade de quilombo, negro, urbano, que lá
mora, Ver. Dr. Goulart, há 64 anos, desde 1941. Receberam essa terra de uma
família que lá vivia e que acolheu esses descendentes de escravos. Famílias,
portanto, que estão protegidas pelo art. 69 da Constituição Federal. Os remanescentes
de quilombo que ali habitam devem receber a posse da terra. E a Lei Estadual nº
11.731, de 2002, no art. 1º, afirma (Lê.): “Aos remanescentes das comunidades
dos quilombos que estejam ocupando suas terras no Estado do Rio Grande do Sul
será reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Poder Público emitir-lhes
os títulos respectivos e providenciar seu registro no Registro de Imóveis
correspondente”. E, no seu parágrafo único, Ver. Comassetto, diz que o Poder
Público indenizará na forma da lei, as pessoas e comunidades atingidas.
Quero dizer que, infelizmente, a família Silva, que
hoje se constitui num núcleo de dez famílias, setenta pessoas, cometeu um
crime, Ver. Comassetto, e o crime é morar em uma área altamente valorizada
desta Cidade, lá em Três Figueiras, Ver. Brasinha, perto da Praça Paris, a 100
metros da Av. Nilo Peçanha, e a especulação imobiliária não aceita que negros
remanescentes de quilombos ali permaneçam. Para se ter uma idéia, na
quinta-feira da semana passada, às 5 horas da tarde, quase noite, tentaram
retirar essas famílias, na calada da noite, Ver. Brasinha! Na sexta-feira
tentaram novamente. Lá estava o Ver. Comassetto; eu não pude estar lá porque
participava da reunião com a Sehadur sobre o Cristal. Eles, junto com a
comunidade, resistiram. O INCRA estava presente e acaba de entregar a posse da
terra, o seu reconhecimento, como quilombo, a essas famílias; estava também a
Brigada, o Estado, uma Justiça que muitas vezes desconhece o direito dessas
famílias.
O Sr. Carlos Comassetto: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Só queria cumprimentá-lo e dizer o
seguinte: é a primeira posse de quilombo urbano emitida no Brasil pelo Governo
Federal; isso foi sexta-feira, às 14 horas.
O SR. RAUL CARRION: Exatamente.
Então, nós queremos dizer que estamos solidários com essa família. Encontra-se
em Porto Alegre Maria Bernadete, da Fundação Cultural Palmares; houve o apoio
do Ministro Gil; houve o apoio do Ministro da Reforma Agrária, Miguel Rossetto;
lá esteve também, ou está em Porto Alegre, o Ouvidor Agrário Nacional, do
Ministério de Desenvolvimento Agrário. Infelizmente, persiste a ameaça do
despejo de famílias negras, descendentes de escravos quilombolas que estão há
64 anos lá! É necessário que esta Casa e a Prefeitura Municipal, Verª Clênia,
tomem uma atitude, que o Governo do Estado, se necessário, desaproprie essa
área. Portanto, nós vamos levar à própria Comissão de Urbanização, Transporte e
Habitação a nossa posição de que a Comissão se faça presente para dizer que esta
Casa também não vai permitir que a especulação imobiliária, que a pressão dos
ricos nesta Cidade expulsem negros quilombolas.
O Sr. Carlos Todeschini: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado, Ver. Carrion. Nós queremos fazer
o registro de que estivemos lá presentes, também, acompanhando todo o
desenrolar do processo, felizmente com um desenlace, com uma solução positiva
no momento, mas, como o senhor muito bem registra, a luta continua.
O SR. RAUL CARRION: Exato. Foi
prorrogado o despejo, não foi suspenso. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Encerrado o
período de Comunicações. O Ver. Professor Garcia está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, hoje, pela manhã,
tivemos a oportunidade de participar da inauguração do Centro Esportivo da PUC.
Centro Esportivo esse, sem sombra de dúvida, talvez o maior da América do Sul -
do Brasil, eu tenho certeza. Eu, como membro do Conselho Federal de Educação
Física, tenho viajado por todos os Estados brasileiros e não conheço, em nenhum
Estado do nosso País, um Centro Esportivo como o que a PUC inaugurou hoje. Os
demais países da América do Sul - não conheço a Bolívia e a Colômbia - também
não possuem um complexo esportivo como esse.
Já havia sido inaugurada, no ano retrasado, uma
parte do complexo com piscina, ginásio de esportes, quadras de tênis; hoje foi
inaugurada a Pista de Atletismo com material sintético idêntico ao das últimas
Olimpíadas, ou seja, igual ao de Atenas, o mesmo material. É uma pista que não
custa menos de um milhão e duzentos mil dólares. O campo de futebol possui uma
grama que, segundo relatos, hoje, somente três campos de futebol possuem
idêntica: o Estádio do Santos, o do Clube Atlético Paranaense e o Maracanã. Um
detalhe: a PUC, além de aglutinar essa questão do esporte, também colocou, na
parte inferior - porque é suspenso -, 720 vagas de estacionamento. Fizeram,
entre o estádio desportivo, a pista atlética, o campo de futebol e o
estacionamento, uma parte suspensa, que coleta toda a água da chuva, e essa
água da chuva é reaproveitada, então, mostrando um grande trabalho.
Nós queremos, de público, parabenizar o atual
Reitor Joaquim Clotet, sem esquecer de citar o Irmão Norberto Rauch, que foi
aquele que começou a obra. Também queremos parabenizar a Professora Sônia, que
é a atual Diretora da Faculdade de Educação Física da PUC, e o Professor Dr.
Francisco Camargo, que deu início a essa realização. Então, mais uma vez
queremos dizer que esse complexo da PUC vem, em muito, ajudar o desenvolvimento
do desporto de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Sr. Presidente, aproveitamos o tempo que temos de
Liderança para solicitar que seja enviada cópia do Plano Plurianual a cada um
dos Vereadores, porque o tempo que os Vereadores têm para trabalhar em cima do
Plano Plurianual é um tempo muito restrito. E, volto a dizer, é através do
Plano Plurianual que os Vereadores poderão colocar Emendas que irão servir de
subsídios para a Lei de Diretrizes Orçamentárias e para o Orçamento dos
próximos quatro anos. Esse é um detalhe muito importante.
Nós vimos as informações da imprensa, em letras
garrafais, dizendo que o Governo Municipal vai investir mais de nove bilhões em
áreas sociais. Então, gostaríamos de saber de que forma, porque, neste ano, o
Orçamento do Município de Porto Alegre é de 2 bilhões, 175 milhões. Este
Vereador, fazendo um exercício, multiplicando por quatro, não consegue chegar
aos nove bilhões. Então, eu gostaria de saber mais a respeito desses nove
bilhões, com toda a questão do pagamento que tem de ser feito aos funcionários;
hoje, 51% dessa arrecadação é para o pagamento de funcionários. E volto a
dizer: 2 bilhões, 175 milhões é o Orçamento de um ano de Porto Alegre. Nove
bilhões para quatro anos... Então, nós gostaríamos que viesse o quanto antes
esse Plano Plurianual para podermos começar a trabalhar em cima dele. Muito
obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR (Art. 151 do
Regimento)
(05
oradores/05 minutos/com aparte)
2.ª SESSÃO
PROC.
N.º 0126/05 – SUBSTITUTIVO Nº 01,
que institui a Semana das Águas no
calendário turístico e autoriza a concessão para exploração dos serviços de
marina pública no Município de Porto Alegre, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 012/05, ambos de autoria do Ver. Bernardino
Vendruscolo.
PROC.
N.º 2507/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 120/05, de autoria do
Ver. Raul Carrion, que altera a redação do § 2º e inclui § 3º no art. 4º da lei
n.º 7.855, de 25 de setembro de 1996, que oficializa a Semana Farroupilha,
incluindo uma Sessão Solene comemorativa da Revolução Farroupilha, em data
próxima ao dia 20 de setembro, a ser definida pela Mesa Diretora, que terá a
incumbência de convidar um historiador emérito para discorrer sobre esse
acontecimento histórico, e revoga a Lei n.º 7.111, de 8 de julho de 1992.
PROC.
N.º 2768/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 131/05, de autoria do
Ver. Márcio Bins Ely, que torna obrigatória a identificação visual dos agentes
de trânsito da EPTC, mediante nome, sobrenome, tipagem sangüínea e o número da
matrícula no uniforme.
PROC.
N.º 2881/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 134/05, de autoria da
Ver.ª Margarete Moraes, que denomina Vila Jardim Cruz Alta a área conhecida
como Vila dos Tranviários.
PROC.
N.º 3168/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 158/05, de autoria do
Ver. Aldacir Oliboni, que denomina os seguintes logradouros não-cadastrados,
localizados no Bairro Belém Novo: Rua Egino Luz de Freitas, Rua Tim Maia e Rua
Mercedes Azzolini.
3.ª SESSÃO
PROC.
N.º 1596/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 077/05, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Praça do Lago Verde um logradouro público
cadastrado, localizado no Bairro Mário Quintana.
PROC.
N.º 2967/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 143/05, de autoria do
Ver. Carlos Comassetto, que altera as alíneas “a” e “c” do art. 1º, da Lei n.º
6.893, de 12 de setembro de 1991, que denomina e delimita bairros no Município,
dando novos limites aos bairros Ponta Grossa e Belém Novo.
PROC.
N.º 3089/05 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 144/05, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Pastor Alberto Bantel um logradouro
público cadastrado, localizado no Bairro Mário Quintana.
PROC.
N.º 3053/05 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 100/05, de autoria do
Ver. João Antonio Dib, que concede o Troféu Honra ao Mérito ao Hospital Mãe de
Deus.
PROC.
N.º 3118/05 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 101/05, de autoria da
Bancada do Partido Democrático Trabalhista, que concede o Prêmio de Educação
Thereza Noronha ao Professor Antônio de Pádua Ferreira da Silva.
4.ª SESSÃO
PROC.
N.º 3031/05 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA N.º 009/05, de autoria do
Ver. João Antonio Dib, que altera a redação do caput do art. 81 da Lei
Orgânica do Município de Porto Alegre, passando para sessenta dias o prazo para
a inclusão de proposições na Ordem do Dia.
5.ª SESSÃO
PROC.
3034/05 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 098/05, de autoria do Ver. Márcio Bins
Ely, que altera a redação do inciso II do art. 20 do texto em vigor da
Resolução n.º 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores, com a
inclusão do termo inclusive no recesso no final da redação do inciso.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Apregoamos o
Processo nº 3.525/05, PLE nº 009/05, entregue a esta Casa na última sexta-feira
pela manhã, que dispõe sobre o Plano Plurianual para o quadriênio de 2006 a
2009 e dá outras providências.
Respondo ao Ver. Professor Garcia dizendo que já
recebi a comunicação; estão vindo os exemplares para que sejam distribuídos
imediatamente aos Srs. Vereadores e às Sras Vereadoras. De qualquer
forma, fica o presente dossiê para consulta comum aos Vereadores.
O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, na última Sessão, eu
falei sobre o Projeto do Ver. Bernardino Vendruscolo, que deseja fazer mais uma
marina em Porto Alegre. Nós temos uma denominada Comodoro Edmundo Soares, uma
proposta do Ver. Pedro Américo Leal e que está absolutamente correta lá onde
está. Quando discuti o Projeto do Ver. Bernardino Vendruscolo, eu disse que era
importante, sim, mais uma marina para Porto Alegre e explicava que, quando da
execução do Parque da Harmonia, não havia Projeto em plantas, mas que o
engenheiro agrônomo Kurt Zimmermann ia fazendo aos poucos com a participação
das demais Secretarias. Ele começou a fazer uma marina e foi impedido pelos ambientalistas
de continuar, pois, segundo eles, seria uma agressão ao lago.
Eu acho que é isso que o Ver. Vendruscolo deseja, é
fazer essa marina, acho que ela é importante para a vida da Cidade. Nós temos
outras marinas, como, por exemplo, na Ilha das Flores. De qualquer forma, na
oportunidade, sugeri que se fizesse a marina e que se desse a ela o nome do
engenheiro László Böhm, que também foi Comodoro do Veleiros. Foi um homem que
dedicou a sua vida ao saneamento desta Cidade, pediu que, depois de morto, no
seu testamento, as suas cinzas fossem espargidas no seu amado Veleiros do Sul.
Então, eu não disse que queria trocar o nome de uma marina já existente.
Por outro lado, a fúria legiferante continua me
impressionando. Foram gastas, no mínimo, mil folhas de papel, porque o Ver.
Carrion deseja que seja incluída uma Sessão Solene comemorativa à Revolução
Farroupilha, em data próxima ao dia 20 de setembro, a ser definida
pela Mesa Diretora, que terá a incumbência de convidar um historiador emérito
para discorrer sobre o acontecimento histórico, e revoga a Lei nº 7.111, de 8
de julho de 1992.
O Sr. Raul Carrion: V. Exª permite
um aparte?
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Eu não disse
nada ainda, Ver. Carrion, mas eu sei que vou ser esclarecido por V. Exª,
portanto eu o ouço.
O Sr. Raul Carrion: Ver. Dib, nós
constatamos, no decorrer do Projeto que tínhamos e retiramos, que havia sido
implantada a Semana Farroupilha. Essa Semana tinha um caráter mais
tradicionalista; falava numa Sessão com invernadas, com poesias, com declamação,
com toque de gaita. E entendemos que deveríamos retirar o Projeto que criava a
Sessão Solene, porque ela existia, e dar um caráter comemorativo à Revolução
Farroupilha. Então, estamos emendando uma lei, aperfeiçoando uma lei que
existe, que cria uma Sessão Solene, mas que não tem um caráter histórico,
político; estamos propondo a palestra de um historiador sobre o assunto, em vez
de um homenageado - porque não podemos homenagear um farroupilha. O espírito é
aperfeiçoar uma lei existente e retirarmos o Projeto anterior.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: O Projeto do
Ver. Carrion altera o art. 4º e coloca um § 2º: “Entre os eventos cívicos da
Semana Farroupilha, inclui-se obrigatoriamente uma Sessão Solene comemorativa
da Revolução Farroupilha a ser efetivada em data próxima ao dia 20 de
setembro”. A Lei atual em vigor, nº 7.855, art. 4º § 2º, diz: “Entre os eventos
cívicos da Semana Farroupilha inclui-se obrigatoriamente uma Sessão Solene da
Câmara Municipal, a ser efetivada em data próxima ao dia 20 de setembro”. É o
mesmo que o Vereador quer, só que o Vereador está solicitando que um
historiador fale. Mas isso é um Requerimento a ser feito a cada oportunidade,
porque a lei não deve ser feita para esse momento. E, se dissermos que tem de
ser feito isso, nós estaríamos obrigando a Presidência ou a Mesa a fazer a
convocação, a contratação, enfim, não sei em que condição viria o historiador
emérito aqui. Portanto, a cada solenidade, a cada ano, um Vereador poderia
fazer o Requerimento, e não gastaríamos as mil folhas de papel que aqui foram
gastas, no mínimo, porque não estávamos precisando dessa lei que vai causar
debates, transtornos eventualmente, que é a fúria legiferante. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Carlos
Todeschini está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras,
assistência do Canal 16 e público presente, recebam a nossa saudação.
Quero discutir aqui o Substitutivo nº 01 do PLL nº
012/05, que institui a Semana das Águas no Calendário Turístico e autoriza a
concessão para a exploração do serviço de marina pública no Município de Porto
Alegre, ambos projetos de autoria do Ver. Bernardino Vendruscolo. É um assunto
fundamental, importantíssimo, inadiável para o debate e também para as
providências, já que estamos em pleno mês de junho, Ver. Dr. Goulart,
enfrentando praticamente um clima de verão.
Alguém já se perguntou quanto tempo de inverno
teremos pela brutal alteração climática? E as conseqüências que isso traz e
condicionam para os problemas das alterações do verão? Todos os anos em que não
temos inverno, geralmente o rebate para as condições climáticas do verão é
drástico, com grandes estiagens, com grande escassez de água, como tivemos no
último verão, não só em Porto Alegre, mas em todo o Rio Grande do Sul, quando
tivemos praticamente uma tragédia. Há indicadores muito sérios de que teremos a
repetição de uma estiagem violentíssima, por conta dessa alteração climática.
Há, inclusive, uma previsão de que esse é um fenômeno mundial e que
possivelmente 11% das terras que são próprias para a agricultura passem a não
poder ser mais aproveitadas pela escassez da água. Portanto, esse tema é cada
vez mais atual, cada vez mais relevante e precisa, sim, Ver. Bernardino, da
consciência e da mobilização de todos para a preservação da água.
Nós vemos, com muita tristeza, o abandono e a
alteração que descaracteriza, por exemplo, o Programa Socioambiental, que nós
havíamos deixado acumulado, depois de cinco anos de intensivos trabalhos
técnicos jogados, praticamente, ao abandono - para não dizer jogados fora -
pela atual Administração. Da mesma forma como nós vemos o abandono do
Pró-Guaíba, um Projeto importantíssimo que trata das águas da bacia do Guaíba,
em últimas conseqüências, elas têm um reflexo absolutamente direto e primeiro
na Região Metropolitana, em Porto Alegre. É só lembrar o fenômeno que tivemos
da superproliferação de algas que nada mais é do que a conseqüência do mau uso
das lavouras, dos insumos, como os adubos que têm nutrientes fosforados e
nitrogenados e também da erosão, da falta de fluxo adequado dos contribuintes
que formam no conjunto o nosso lago Guaíba.
Isso é lamentável! É lamentável perdermos um programa
como o Pró-Guaíba, um Programa de 220 milhões de dólares. Programa esse que
teve o apogeu no Governo Olívio Dutra e que agora, não sei por que motivos - eu
acredito que por falta de interesse, de prioridade de competência -, nós
perdemos no Rio Grande do Sul. Lamentável! Isso traz conseqüências diretas para
todos os habitantes que têm o benefício, que se utilizam e que precisam dos
recursos da bacia do Rio Uruguai.
E, por último, também, não poderia deixar de
registrar que, sistematicamente, aqueles que eram oposição em época de campanha
e antes das campanhas vinham fazer movimentos pela mudança das captações de
água bruta para o tratamento, para ser distribuída como água potável em Porto
Alegre. Pois bem, fiz um Pedido de Informação para saber - agora que estão no
poder, agora que estão no Governo - onde, quais e quando seriam mudadas as
captações. Sabe o que nos responderam? Que as captações que serão mudadas são
exatamente aquelas que nós deixamos com as obras em andamento, ou seja, a única
que nós já tínhamos licitado, com o Projeto pronto e com indicação para ser
executada, é a captação da Tristeza. Nada mais foi feito e nada mais será
feito, porque os discursos não passaram de discursos de oportunidade, de
demagogia, para levar a população a erros de avaliação referente a esse tema
tão delicado, tão sério e tão importante para a nossa Cidade. Porque, Ver. João
Antonio Dib, tudo vai ficar conforme nós construímos no passado. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Mônica
Leal está com a palavra para discutir a Pauta.
A SRA. MÔNICA LEAL: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores e Vereadoras, funcionários
desta Casa, dos quais tive orgulho de ser colega, olhando o expediente no dia
de hoje, gostaria de falar do Projeto do Ver. Bernardino, que institui a Semana
das Águas no calendário turístico e autoriza a concessão para a exploração dos
serviços de marina pública no Município de Porto Alegre. Uma marina pública a
ser criada em local indicado pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Achei o
Projeto interessante e gostaria de informar, para esclarecer, que é tão
interessante que, no passado, também com essa mesma intenção, o meu pai, Ver.
Pedro Américo Leal, denominou a Marina Municipal Comodoro Edmundo Soares uma
marina localizada na ponta do Gasômetro, no Centro. Então, eu gostaria de
esclarecer que esse é um outro espaço; o Edmundo Soares era Comodoro do Clube
Jangadeiros, grande incentivador dos velejadores.
O Sr. Claudio Sebenelo: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento da oradora.) A Semana das Águas já existe e já faz
parte do Calendário Oficial, não só da Cidade, como desta Câmara. E agora, em
outubro, nós vamos ter a Semana das Águas. E, evidentemente, ela está inserida
em todos os contextos normais, seja no turismo, seja no saneamento básico, seja
na questão do tratamento da água; todas essas questões estão incluídas na
Semana das Águas. Como já existe há bastante tempo, ela não fica
institucionalizada; ela já está, já existe. Com relação à questão da Marina, eu
acho a idéia brilhante.
A SRA. MÔNICA LEAL: Obrigada,
Vereador.
O Sr. Bernardino Vendruscolo: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento da oradora.) Eu quero fazer um pedido ao colega
Vereador Sebenelo, para que ele traga a lei referente à Semana das Águas. Ela
existe, sim, mas não é um Projeto igual ao nosso. Num outro dia, ele citou essa
lei na tribuna, e eu lhe pedi, encarecidamente, para que me trouxesse a lei.
Então, eu faço um desafio para que ele traga a lei que diz que há, aqui em
Porto Alegre, uma semana destinada a comemorar a Semana das Águas.
A SRA. MÔNICA LEAL: Lendo a
Exposição de Motivos do Ver. Bernardino, a minha atenção recaiu sobre esta
frase: “É necessária para que se produza a construção de uma nova consciência e
novo relacionamento dos cidadãos com o estuário, que nos deu origem e que tem
sido testemunha do nosso progresso ao longo da história para a formação de uma
consciência ambiental.”
Agora, Ver. Bernardino, Srs. Vereadores, meus
colegas, como nós vamos falar de uma consciência ambiental, quando vejo nesta
Casa um tema tão discutido como o Morro do Osso, quando abro o jornal e vejo,
como manchete desse jornal, o nosso Secretário do Meio Ambiente agredido
barbaramente, covardemente por criaturas que se denominam índios?! (Exibe
jornal.) Pelo estado do Secretário, parece-me que se tratam de bandidos!
Francamente, nós estamos comemorando a Semana do Meio Ambiente, e eu me deparo
com cenas como esta! Eu estive com o Secretário Beto Moesch horas após o lamentável
episódio e posso garantir aos senhores que ele só não foi morto por milagre!
Ele foi covardemente agredido em defesa do patrimônio cultural desta Cidade, em
defesa da sua luta, que todos nós conhecemos, em defesa do meio ambiente!
A SRA. MÔNICA LEAL: E,
surpreendentemente, quando o Secretário do Meio Ambiente, após receber uma
denúncia, ao meio-dia, de construção irregular, aciona a Brigada Militar para
conversar com aquelas criaturas que se dizem índios, ele é surpreendentemente
agredido. Não dá para entender! Senhores, eu chamo atenção para esse fato, eu
gostaria de uma explicação.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Adeli
Sell está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Ausente. O Ver.
Bernardino Vendruscolo está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores,
eu sou Vereador de primeiro mandato e, como a grande maioria desta Casa quando
aqui chega, venho com um propósito, que é o de trabalhar, de produzir. Então,
nós queremos fazer uma contestação àqueles que vêm aqui e “jogam somente na
defesa”. Este Município necessita de uma mexida, e essa mexida, essa
chacoalhada, só é possível com projetos, com idéias novas, com coisas novas. Eu
admito que colegas venham contribuir através do próprio Projeto, com Emendas,
buscando uma melhoria daqui ou dali. Mas não dá para admitir que, de repente, o
colega venha aqui dizer que o que está no Projeto já existe e não sei mais o
quê. Bom, aí nós vamos entrar numa outra seara, vamos dizer que esta Casa não
tem competência para fazer controle dos Projetos, porque, se existe um Projeto
que trata da Semana das Águas, alguma coisa está errada. Como é que esse
Projeto chegou até onde chegou? O Projeto que há nesta Casa, do qual nós temos
conhecimento, trata do dia, e o nosso Projeto trata da Semana das Águas e da
marina pública.
O Sr. Claudio Sebenelo: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu ia fazer um comentário a
respeito da sua agressão e da sua inconformidade com uma crítica feita de forma
construtiva e competente. Eu vou-lhe trazer agora, já estou pedindo, o número
da lei. Tenho inclusive o testemunho do Ver. Todeschini para lhe dizer que a
lei já existe, a Semana das Águas já existe em Porto Alegre. Até eu enunciei
que era brilhante a idéia da marina, mas disse no sentido de construção e não
dessa forma como V. Exª está reagindo. E eu não sei quem é o mau colega, se é a
sua forma inadequada e hostil a uma pequena crítica ou...
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado. Eu
não falei de mau colega, eu falei que existem colegas que só jogam na defesa.
Nós estamos com um Projeto que cria a Semana das Águas e autoriza a exploração
da marina pública. Então, é o seguinte: eu até admito que exista um Projeto
tratando do Dia das Águas - do dia -, esse existe, mas o nosso Projeto é diferente.
Então, creio que temos que construir, nós temos que trabalhar no sentido de
criar alguma coisa, mas não de ficar na defesa, Ver. Sebenelo. E eu não lhe
chamei de mau colega, não. Eu só disse que V. Exª não poderia agir dessa forma.
O Sr. Carlos Todeschini: V. Exª
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Para colaborar e poder ajudar: nós
temos o dia 22 de março como o Dia Mundial da Água e temos, em outubro, a
Semana Estadual da Água. Mas no Município não consta uma Semana Municipal das
Águas.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Muito
obrigado. E eu faço novamente um apelo para que venham construir alguma coisa
em conjunto. Não podemos ficar olhando os Projetos dos outros colegas e jogar
somente na defesa. Nós temos que construir, fazer as críticas, incrementar os
Projetos, entrar com Substitutivo, com Emendas. Mas não posso admitir - e eu me
julgo alguém que tem vontade de trabalhar, por isso estou aqui - que um
Vereador se preocupe só em colocar defeito nesse ou naquele Projeto. Não é nada
pessoal, mas eu sou obrigado a fazer a defesa do nosso Projeto desta tribuna e
fazer essa reclamação ao colega. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Carlos
Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; colegas Vereadores, colegas Vereadoras,
prezado público que nos assiste: 5 de junho, Dia Internacional do Meio
Ambiente, dia não só de reflexão, mas de construir políticas.
Ver. Bernardino, quero dizer que ontem, fazendo uma
caminhada ambiental pelo morro São Pedro, com mais de oitenta pessoas,
discutíamos a questão das nascentes das águas que formam a bacia do arroio do
Salso, que formam a bacia do Lami, comentávamos sobre o seu Projeto. E sobre isso
quero fazer algumas reflexões.
Primeiro, quero dizer aqui que sou totalmente
solidário ao Ver. Bernardino, que traz um trabalho sério e, se algum Vereador -
digo isso ao Ver. Sebenelo - achar que está errado um Projeto, que peça
prejudicialidade. Esse é o encaminhamento legal nesta Casa. Não é nossa
responsabilidade saber se há ou não outro Projeto, então acho que esse é o
procedimento correto. E falo isso fraternalmente ao Ver. Sebenelo porque já é a
segunda ou terceira vez que traz esse tema, porque venho aqui confuso, sem
saber se existe ou não outro Projeto. Então, a Casa tem de nos trazer essa
clarificação.
Sobre esse Projeto que institui a Semana das Águas
no Calendário Turístico e autoriza a concessão para exploração de serviços
públicos para a marina pública, creio que, na realidade, temos de ampliar isso,
porque Porto Alegre tem potencial para mais de uma marina pública, pois a sua
orla é imensa. Se analisarmos os potenciais que tem, desde a divisa, no Morro
do Coco, lá na Zona Sul, até a foz do Rio Gravataí, temos um potencial
fantástico para o turismo náutico.
Ratifico a preocupação que temos de ter com o tema
das águas e volto a dizer que a utilização das águas não é simplesmente
construirmos espaços de acessibilidade ao rio, temos de trabalhar a qualidade
das águas. E, Ver. Dr. Goulart, até o momento não tivemos a clareza de que o
Projeto Socioambiental, que ficou pronto na Administração Popular, virá a ser
implantado; já cobramos e queremos discutir, porque é um Projeto de 117 milhões
de dólares, e isso é fazer política ambiental.
Fizemos política ambiental no sábado, das dez horas
da manhã às duas da tarde, caminhamos no Morro do Osso com a comunidade daquela
região, analisando os Projetos que estão tramitando nesta Casa de expansão do
Parque Morro do Osso, identificando os conflitos, porque lá, naquele momento,
há bicicletas, trilhas e trilhas de bicicletas passando por dentro do Morro e o
degradando, coisa que não pode no seu plano de manejo, a não ser na trilha
principal.
Passamos pelas comunidades indígenas que,
equivocadamente, estão lá ocupando aquele espaço, e quero dizer que não fomos
agredidos em momento nenhum. Tenho certeza absoluta de que o nosso Secretário
do Meio Ambiente, no afã de querer consertar, cometeu um ato de espontaneísmo,
de voluntarismo, de fazer um despejo de peito aberto. Isso não é papel de um
Secretário. Ele tem, sim, que acionar as demais forças, com um mandado de
segurança, com um mandado de despejo, junto com a Brigada Militar. A Brigada
Militar estava passeando conosco, pedimos que fosse para garantir a segurança.
Poucos minutos depois, aconteceu esse fato lamentável. Um Secretário Municipal
não pode cometer imprudências, e o nosso Secretário Beto Moesch foi imprudente
nesse ato. Sou solidário ao Secretário pela agressão que ele recebeu, mas nós
temos que colocar os “pingos nos is”: Secretário é para dar exemplo e usar
todos os poderes legais e institucionais.
A Srª Mônica Leal: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Comassetto, colocando os “pingos nos
is” é que lhe digo que o Secretário Beto Moesch foi até o local dar um aviso
àquelas criaturas que se denominam índios; na minha opinião não são, como já
disse, são bandidos, pelo que fizeram com o Secretário. Ele não foi, de forma
alguma, retirar naquele momento as casas; ele foi conversar e foi agredido por
vinte criaturas.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Obrigado, Verª
Mônica.
Então, sobre esse seu Projeto, que traz à discussão
a Semana das Águas, temos que fazer uma reflexão, porque se trata de qualidade
ambiental.
E, para concluir, se nós estamos construindo uma
cultura ambiental, ela passa pela postura da tolerância no tratamento com os
outros seres humanos. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. DR. GOULART (Requerimento): Eu gostaria,
Sr. Presidente, de encaminhar um Requerimento solicitando à Comissão de
Direitos Humanos e Defesa do Consumidor que faça uma diligência sobre o fato
dessa violência tão grande ao nosso colega, um grande lutador pela causa do
meio ambiente, Ver. Beto Moesch, que se encontra como Secretário. Por favor.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu recebo o
Requerimento formulado pelo Ver. Dr. Goulart e encareço à Comissão de Direitos
Humanos e Defesa do Consumidor, na forma do requerido por V. Exª, que proceda a
alguma verificação, a algum dado, a algum convite, no sentido de verificar a
extensão do fato, buscando trazer para o Plenário alguma informação, eu acho
que é importante esse dado.
O SR. ERVINO BESSON: Meu caro
Presidente, Ver. Elói Guimarães, a pedido da nossa Liderança e após uma prévia
consulta aos membros da Comissão, nós estamos aqui à disposição para abrir uma
sindicância, no que nos protege o Regimento desta Casa, para averiguar o fato
lamentável que aconteceu com o nosso colega, Vereador e Secretário Municipal do
Meio Ambiente.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Eu sugiro uma
preliminar antes de se instituir uma Comissão de Sindicância, pelas implicações
jurídicas. Sugiro fazer uma preliminar, uma pré-análise da questão, ouvindo,
procurando, no seio da Comissão ainda.
O SR. ERVINO BESSON: A princípio,
uma diligência, então, meu caro Presidente.
O SR. MARIO FRAGA: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; gostaria de registrar a visita à nossa Casa do
Sr. Caco Coelho, Diretor da Usina do Gasômetro, que veio trazer para as
Lideranças e para todos os Vereadores da Casa o trabalho que está sendo feito
na Usina do Gasômetro neste novo Governo.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Registramos a
presença, para a honra da Casa, do Sr. Caco Coelho, Diretor da Usina do
Gasômetro.
Está encerrada a Pauta.
O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
O SR. NEREU D'AVILA: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; Sras Vereadoras desta Casa, Srs.
Vereadores, eu creio que, quando balançam as instituições, quando a
nacionalidade está em perigo, não só esta Câmara, mas todas as Câmaras e
Assembléias do Brasil devem-se manifestar. O que está ocorrendo em Brasília
repercute na democracia brasileira. O que o jornal Folha de S. Paulo traz hoje,
em diversas páginas ilustradas e com detalhes impressionantes, leva a crer que
o Presidente Nacional do Partido Trabalhista Brasileiro, Sr. Deputado
Jefferson, está falando a verdade. É claro, pode ser alguma coisa para menos ou
para mais, questões que ficarão para deliberação de uma Comissão Parlamentar de
Inquérito.
(Mostra o jornal.) Aqui está o jornal Folha de S.
Paulo: “PT dava mesada de 30 mil reais a Parlamentares, diz Jefferson.” Isso
vem desde que o Sr. Martinez era vivo, em 2003, quando ele alertou o Deputado
Jefferson, então Líder do PTB, de que havia essa situação. Posteriormente -
para quem presta atenção ao noticiário nacional -, o Sr. Miro Teixeira, quando
deixou o Ministério das Comunicações, referiu-se brevemente a essa mesada. Mas
agora o Sr. Deputado faz a denúncia formalmente. Se é por vindita, se é porque
está, como dizem, aperreado, se é porque está magoado, não interessa; o que
interessa é o mérito da situação.
Segundo o seu depoimento, graças a Deus, o
Presidente Lula, quando soube, em janeiro deste ano, ”colocou o pé no breque”.
Finalmente, depois que seis Ministros sabiam - e nenhuma providência foi tomada
-, parece que o “mensalão” teria sido cortado quando o Presidente Lula foi
notificado. O que impressiona são os detalhes que o nobre Deputado, Presidente
do PTB, relata, por exemplo: diz ele que em diversas autarquias, órgãos do
Governo Federal, sim, o PTB tem a liderança, nos Correios tinha, na Eletronorte
também tinha a presidência - sendo que hoje o seu Presidente se demitiu. Mas o
que diz o Deputado Jefferson Campos? Que, afora a presidência, os outros órgãos
desses departamentos, dessas autarquias eram, principalmente, do PT. E relata
um fato impressionante, já que aqui nesta Casa quer-se moralizar, entre aspas,
com um Projeto moralizador, entre aspas, de nepotismo. O que ele afirma? Ele
afirma que na Eletronorte, embora o PTB detivesse a presidência, o órgão mais
importante da Eletronorte, segundo ele, é a Diretoria de Engenharia, que é
ocupada por um irmão do Sr. Palocci; disse que a Ministra Dilma, quando
despachava em relação à Eletronorte, só ouvia esse Diretor - irmão do Ministro
Palocci. Aí é moral, aí não existe nepotismo. Por quê? Porque não está no
Gabinete do Palocci, está na Eletronorte. Então, o que tem que se discutir não
é se a pessoa qualificada é que está no gabinete de alguém; é se a moralidade
de certas coisas é palatável. Então, repito: é a mais grave declaração que o
Brasil recebe nos últimos tempos.
Ele mesmo disse, o Deputado Jefferson Campos,
quando os Deputados do seu Partido o procuram perguntando sobre essa
mensalidade, que, absolutamente, a orientação era de não recebê-la, por parte
dos Parlamentares do PTB; afirma ele aqui (Lê.): “Em 23 anos de Parlamento, é a
primeira vez que eu ouço isso, e quem a receber está desmoralizado, porque se
tornará refém. Quem recebe não pensa e aí vota cegamente com o Governo."
Isso é da mais alta gravidade, até para as instituições, porque, quando um
Parlamento e duas Bancadas grandes - como a do PP, Partido Progressista, e a do
PL, que também lá no Congresso é Bancada grande - são acusados pelo Presidente
nacional de um Partido que tem hoje cerca de cinqüenta Deputados Federais, as
instituições estão em perigo. Porque, se o Congresso se objetou dessa maneira,
se isso for verdadeiro, então o que pensará o povo brasileiro a respeito das
suas instituições?
Por isso, daqui de Porto Alegre, desse povo
altaneiro do Rio Grande, desta Capital, que se pauta, sim, em relação a certas
coisas do Brasil, que se pauta, sim, com dignidade, com probidade, com
decência, nós apelamos, em nome da democracia e do que há de mais sagrado nas
instituições brasileiras, que amanhã a Comissão de Justiça não enterre, não
rejeite a CPI, porque aí o povo brasileiro cairá prostrado, não acreditará mais
em nada. Porque há, certamente, que se averiguar isso que foi dito aqui no
jornal Folha de S. Paulo em três páginas (Lê.): “Jefferson denuncia mesada paga
pelo Tesoureiro do PT”, “Contei a Lula do ‘mensalão’”, diz Deputado e depois
afirmou: “Sim, eu preciso da CPI. Eu errei”, diz Jefferson.
Então, Sr. Presidente, nós temos, sim, de nos
manifestar no sentido de que tudo seja apurado e colocado em pratos limpos,
porque senão estará maculada não só a Câmara, mas a Nação brasileira.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver.
Maurício Dziedricki está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. MAURÍCIO DZIEDRICKI: Sr.
Presidente, Vereador companheiro Elói Guimarães; Sras Vereadoras,
Srs. Vereadores, servidores desta Casa, público que nos assiste pelo canal
legislativo, eu quero tratar de alguns temas usando o Tempo de Liderança de meu
Partido com relação, primeiro, às posições aqui assumidas nesta tribuna por
diversos Partidos, por diversos grupos, por políticos que têm como primazia a ética
e a moralidade.
Há de se registrar que as notícias, veiculadas no
jornal Folha de S. Paulo, do cenário nacional, que ora atacam e ofendem
diretamente o que nós carregamos de mais valor, que é o compromisso que temos
para com a sociedade, devem ser, sim, apuradas, devem ter uma condução correta
por parte dos organismos. Que os casos levantados, através da mídia, por aquele
que hoje responde pela Presidência do meu Partido - com certeza, nessa
segunda-feira, em Brasília, no período da noite, estará sendo realizada uma
reunião da Executiva Nacional, com proposta encaminhada pelo Senador Zambiasi
de renúncia total e incondicional da nossa Executiva Nacional - sejam apurados
com veemência, as denúncias, tudo que venha a comprometer as grandes
instituições políticas brasileiras.
Nós não podemos, de forma alguma, ficar reféns
daqueles que usam mal as verbas públicas, daqueles que usam mal os microfones
falando a respeito da sua sociedade, que os elege. Nós jamais admitiremos que
alguns políticos sujem a imagem, o legado, a história de quem se dedica,
diuturnamente, na construção de Partidos, na construção de política séria, de
inclusão social, de solidariedade. Este é um dos registros que faço, desta
tribuna, utilizando o Tempo de Liderança: nós queremos, a população pede,
deseja saber quem são os culpados e de que forma serão punidos.
Venho, também, com a licença do Presidente da
Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, Ver. Ervino Besson, fazer
um convite a todos os Vereadores, àqueles que estão presentes nas galerias, a
quem nos assiste pela TV: amanhã à tarde, às 14 horas, estaremos realizando, na
nossa Comissão, a avaliação de um Seminário - porque hoje buscamos alguns
parceiros, como o caso da Assembléia Legislativa, para a realização do Fórum Empreendedor
Porto Alegre -, buscando elucidar quais têm interesse no investimento do
empreendedorismo, no associativismo, nas cooperativas de trabalho. De que
maneira podemos tratar o tema? Com propriedade, buscando categoricamente os
meios, os incentivos, os valores que a nossa Cidade tem, demonstra e
compartilha com os seus cidadãos. Dessa forma, queremos salientar que a pauta
desse encontro será desenhada amanhã; não por um Vereador, mas pelos seis que
fazem parte e por todos aqueles que lá estiverem presentes. Porque é
inaceitável que tenhamos diversos grupos que não têm amparo: os grupos dos
jovens, da Igreja Católica, do cooperativismo, que não conseguem ter, por si
só, uma união, um conjunto, uma representatividade uníssona na busca dos
valores do empreendedorismo.
Eu quero aqui, aproveitando a presença do Ver. João
Dib, registrar, em nome da Bancada Trabalhista do Brasil, nesta Câmara, as
agressões sofridas pelo nosso colega Secretário Beto Moesch. Uma agressão a uma
autoridade constituída é agressão ao Estado, e, Ver. João Dib, a agressão ao
Estado, por sua vez, é agressão à sociedade, à sociedade de Porto Alegre. Não
podemos admitir que esse acontecido, em que o nosso Secretário Moesch, nosso
colega desta Câmara, foi agredido, não tenha uma contrapartida à altura para
identificar, não os índios, mas os verdadeiros bandidos que assumiram esse
papel agressivo, hostil, na busca dos espaços que nós temos em Porto Alegre,
como é o caso do Morro do Osso, na preservação ambiental. Queremos, dessa
forma, em nome da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro nesta Câmara, Ver.
João Dib, que V. Exª possa externar a posição do nosso Partido em relação a
esse caso; não aceitaremos, de forma alguma, identificações hostis como essa,
porque não é a forma de condução de uma sociedade plena, igual e democrática.
Há de se ter, sim, respeito àqueles que constroem as políticas, a sociedade e o
nosso dia-a-dia.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Carlos
Todeschini está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
assistência do Canal 16 e público presente, venho, com muita tranqüilidade -
porque sempre assim entendi os atos do meu Partido -, com total transparência,
trazer as posições oficiais do meu Partido sobre os temas em debate na grande
imprensa, nos jornais, nas televisões do dia de hoje, em que são insinuadas e
imputadas graves acusações ao nosso Governo. Venho aqui refutá-las, rebatê-las,
porque nós continuamos muito tranqüilos e serenos e continuaremos sendo, porque
quem não deve não teme. Então vou ler aqui a nota da Direção do meu Partido, do
nosso Presidente Nacional, o Deputado José Genuíno, que tem o seguinte teor
(Lê.): “Nota de Esclarecimento: 1. Foi com surpresa e indignação que o Partido
dos Trabalhadores tomou conhecimento das declarações do Deputado Roberto
Jefferson, concedidas ao jornal Folha de São Paulo, segundo as quais o nosso
Partido, através do tesoureiro Delúbio Soares, concedia uma mesada mensal de 30
mil reais aos Deputados do PL e do PP; 2. O PT nega as declarações do Deputado
Roberto Jefferson, pois elas não têm o mínimo de fundamento na realidade. O
relacionamento do PT com todos os Partidos da base de sustentação do Governo,
inclusive o PTB, se assentam em pressupostos políticos e programáticos e no
objetivo de garantir a governabilidade do País e implementar o Programa de
Governo, pelo qual o Presidente Lula foi eleito; 3. O PT, a exemplo de outros
Partidos da base do Governo, apóia todas as investigações em curso feitas pela
Polícia Federal, pelo Ministério Público, pela Controladoria-Geral da União e
por outras instituições, ressalvando a presunção de inocência de todos os
envolvidos, mas com a convicção de que todos os culpados deverão ser punidos.
José Genuíno, Presidente Nacional do Partido dos Trabalhadores."
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores,
pessoas que nos assistem pelo Canal 16, quero dizer com toda a tranqüilidade,
pesem bem, que não há uma única acusação que pese contra o Governo, contra a
pessoa do Lula ou contra os Deputados do Partido dos Trabalhadores. Há toda uma
onda da imprensa sendo montada para querer derrotar o Governo Lula. Isso é jogo
da elite que não está conseguindo fazer o desejado cerco e quer impor a derrota
ao Governo Lula, porque é um Governo que, se tem de responder, não é pelos
erros, porque esses, se existem, são falhas ordinárias. Mas, sim, de um Governo
que tem, no seu fundamento, os grandes acertos que estão transformando este País
numa grande potência. É sobre isto que nós temos de nos ater e sobre isto que
temos de nos referenciar: os grandes acertos, as políticas sociais, a política
externa, a política industrial, a política das grandes conquistas que tem o
nosso Governo.
Sem nenhuma surpresa, Ver. Haroldo, com toda a
tranqüilidade, não queiram pensar que vão fazer como fizeram com o Presidente
Getúlio Vargas, ou com o Jango, que, quando criaram políticas que começaram a
transformar o Brasil, quiseram enlamear, quiseram jogar o Governo que fazia
acertos estratégicos fundamentais para um novo mundo, para um novo País, na
deposição, na desesperança, no ostracismo e, depois, culminando com o Golpe
Militar de 1964. Isso não vai acontecer, porque não temos nada a dever, porque
nós sempre exigimos a transparência, o controle público! Inclusive, na
sexta-feira, foram presas mais 85 pessoas envolvidas nos escândalos, no roubo
da madeira, nas fraudes! E as prisões têm sido cotidianas, de grande expressão
de criminosos, infelizmente, muitos servidores públicos envolvidos.
Tenho a clareza e a tranqüilidade, Srs. Vereadores
e Sras Vereadoras, de que vamos levar este Governo vitorioso até o
final, diferentemente, inclusive, das manchetes fantasiosas como aquela que
aparece na imprensa local, na sexta-feira, que diz que o Governo Municipal vai
investir 9,8 bilhões de reais. De onde isso?! Onde está a verba do custeio?!
Dos aposentados?! Dos salários?! A bimestralidade e todas as outras coisas?!
Parece que se quer governar com as manchetes dos jornais, e elas parecem que
querem perpetuar a enganação, a mentira e as falsificações! Portanto, isso não
passará, porque nós estamos aqui para fazer a vigilância, a defesa da ética, a
defesa das políticas justas e a defesa do crescimento e do desenvolvimento
democrático, participativo e sustentável. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Luiz
Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Ver. Elói
Guimarães; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, senhoras e senhores, em
primeiro lugar, eu quero dizer que é profundamente lamentável ver uma Liderança
do PT insinuar que o nosso Secretário do Meio Ambiente, companheiro aqui desta
Casa, Ver. Beto Moesch, se utilizou de algum meio para enfurecer os indígenas
que o espancaram, ou aqueles bandidos que o espancaram. Porque disse a
Liderança do PT que momentos antes, Ver. Nereu D’Ávila, havia passado lá e que
nada tinha acontecido com eles. Olha, conhecendo os meios como o PT age, eu
realmente fico pensando qual foi o diálogo do PT com esses indígenas, porque,
quando o Ver. Beto Moesch por ali passou momentos depois, o seu destino não foi
o mesmo; ele pensava em dialogar com aqueles ocupantes, hoje, do Morro do Osso.
Mas como o Ver. Todeschini fez um discurso dizendo
que contra o seu Partido não pesa absolutamente nada, que o seu Partido está
recuperando o País, eu fiz questão de vir a esta tribuna apenas para dizer:
olha, enquanto o discurso for este, de tentar enganar a população, de tentar
iludir a população - discurso que foi feito aqui, Vereadores e Vereadoras,
durante os dezesseis anos em que o PT esteve no Governo Municipal e do qual nós
só fomos saber as verdades neste ano, quando o PT perdeu as eleições
municipais... Então, essas falsidades que são lançadas da tribuna têm de ser
desmistificadas, porque a população tem que tomar conhecimento.
E eu vejo aqui o jornal Folha de São Paulo, o mesmo
jornal que trouxe as denúncias do Presidente do PTB dizendo do “mensalão” -
trinta mil reais para aqueles Vereadores que votam com o PT, com o grupo do PT.
Isso está nas denúncias do Jefferson. A briga é porque queriam aumentar para
cinqüenta, sessenta mil reais! Trinta já não era um valor suficiente. Mas diz
aqui, Ver. Todeschini - e peço que V. Exª preste atenção nestes números, para
nós não ficarmos enganando a população -, o número de pobres correndo abaixo de
meio salário mínimo atingiu a cifra de 53 milhões e 900 mil pessoas; destes,
vinte e um milhões seriam indigentes.
E mais: o Sistema Único de Segurança Pública
gastou, neste ano, apenas 1,83% dos recursos autorizados. Ainda mais, a
pesquisa do Siafi - Sistemas Integrados de Acompanhamento Financeiro - mostrou
que, dos recursos alocados para o Programa Saneamento Ambienta Urbano, apenas
0,75% havia sido desembolsado até meados de maio.
Então, a má administração aqui no nosso País tem
endereçado o Brasil rumo ao precipício, infelizmente! E aí dizem o seguinte:
”Não, mas o PT não participa de corrupção”. Meu Deus do Céu! Esta daqui, se não
me engano, é a quarta edição da Revista Veja seguida que fala das corrupções do
Partido dos Trabalhadores, é a quarta edição seguida! Sabem o que diz aqui na
capa? (Mostra revista Veja.) (Lê.) “Corrupção: Amazônia à venda. Petistas
presos aceitavam propina de madeireiros que devastavam as florestas”. Sabem
quem está aqui? Está aqui o Prefeito da região do Mato Grosso; são assessores
petistas daquela região; são pessoas que se disfarçam sobre essa capa de
vestais, de puros e acabavam devastando a Amazônia. Aqui estão diálogos
vergonhosos, revelados, de pessoas ligadas ao Partido que dizem que não cometem
corrupção, que não fazem corrupção e que não estão nessa onda; mas há diálogos
que revelam exatamente o contrário, Ver. Nereu D’Avila, dizendo do grande
envolvimento dessas pessoas com o processo de corrupção em nosso País.
Infelizmente, para a nossa vergonha, para a
vergonha do povo brasileiro, é o que está acontecendo e, infelizmente, é o que
temos de relatar para a nossa população, para aquelas pessoas que assistem ao
Canal 16, que precisam saber que, aqui, nesta Casa do Povo, há Vereadores que
não estão de acordo com o Governo do PT, que não estão de acordo com aquilo que
o PT está fazendo hoje no Brasil, que não estão de acordo com essa tentativa de
acobertar a corrupção que o PT difunde em todo o território brasileiro.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver.
Sebastião Melo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; minhas colegas Vereadoras e meus colegas
Vereadores, o Brasil vive um momento muito dramático. É verdade que a corrupção
neste País vem de longe, vem do Velho Império, vem da Velha República, vem da
Nova República, passa pelo Governo do Fernando Henrique e chega, agora, ao
Governo do PT.
Eu quero dizer aos meus colegas Vereadores que o
PTB, o PMDB e o PP do Rio Grande do Sul são Partidos que não têm hoje, na
quadra política brasileira e historicamente, muito a ver com os nossos Partidos
nacionalmente. Inicialmente, faço essa preliminar, Presidente, para dizer que o
País precisa enfrentar essa questão da CPI. Ora, há prova provada nessa
questão.
Disse aqui a Liderança do PT que a Polícia Federal
está investigando, e ela tem a obrigação de fazer isso. Não está fazendo nada
mais do que a sua obrigação! Agora, a pergunta que há de se fazer, Ver. Nereu,
é a seguinte: a Polícia Federal pode investigar Senador? Eu quero saber se
Polícia Federal pode investigar Deputado? É claro que não pode! Só uma CPI pode
fazer isso. Há réu confesso! O sujeito é pego com a “boca na botija” pegando
propina, tomando dinheiro público! Agora, há de se perguntar, Ver. Ibsen: de
onde vem esse dinheiro que o PT passa, aqui dito, o “mensalão”? Será que é com
a venda de bandeiras? Será que é com a venda de bótons? Será que é com a
arrecadação dos seus militantes?!
A República está numa podridão sem tamanho. E o
Presidente, que é um homem de bem, deveria ser o primeiro a dizer, para poder
sair desse processo como um homem que sempre defendeu a ética na política. O
Lula é um homem trabalhador, digno, honesto, mas, quando ele diz que dá um
cheque em branco para o Presidente do PTB Nacional... O Presidente da
República, primeiro, não deve dar cheque para ninguém, se ele quer dar um
cheque seu, que dê, mas não dê o cheque da Presidência da República!
Desculpe-me, Ver. Brasinha. A CPI é para salvar as
instituições republicanas, porque o Brasil está num “mar de lama”, e estamos
todos, os políticos, nivelados como corruptos, tanto Senadores como Deputados
federais. Desculpe-me, eu não estou vendo nenhum Partido defender golpismo,
pelo contrário, todos que querem a CPI, querem que o Sr. Lula continue lá para
poder responder e cumpra o seu mandato até o último dia! Não venham com esse discurso
vazio dizendo que a CPI é golpe, que a CPI é para derrubar o Presidente! Não!
Pelo contrário, Verª Manuela. Essa CPI pode dar um habeas corpus
ao Presidente Lula, mostrando que ele não está no meio disso! Porque não posso
acreditar que o Presidente da República possa estar no meio dessa maracutaia!
Agora, há gente de perto do Presidente, bem ao lado do Gabinete do Presidente,
indiscutivelmente...
Há muito tempo, no início deste Governo, a gente
falava aqui nesta tribuna algumas vezes: “Ainda vão falar muito nesse Delúbio”,
e as pessoas nem sabiam quem era esse cidadão. Alguns comentaristas diziam
também: “Vão, durante o Governo da República, ouvir muitas vezes falar sobre
esse cidadão”. Pois aí está. Aí está o PT, que a vida inteira, muitas vezes, acusou
sem provas. Muitas vezes destruiu imagens de pessoas sem provas. O PT, que
sempre lutou por transparência da coisa pública, agora foge da CPI como o
“diabo foge da cruz!”
Aliás, eu diria que, depois das denúncias que
vieram à tona hoje... Há um Requerimento que deve estar tramitando no Congresso
Nacional; indiscutivelmente, quer-se adendar o Requerimento, porque aquele
Requerimento é muito estreito, Verª Neuza, tem que adendá-lo, neste momento,
para que se possa averiguar essas outras denúncias.
Por isso achamos que Partido político não é clube
de santos, em todos os nossos Partidos temos problemas. Temos os nossos
problemas internos. Agora, cá para nós, este Brasil precisa ser passado a
limpo, precisamos de uma CPI responsável, sem caça às bruxas, mas a favor do
combate sem trincheira à corrupção; é a hora, é o momento.
Eu espero que o PT mude de opinião para não manchar
a sua história, que foi construída na luta dos trabalhadores, na luta da ética
da política, porque, se não assinar, se fizer o que vão fazer amanhã, tentar
destruir essa CPI, cá para nós, o Partido dos Trabalhadores, desculpem-me, está
agindo muito pior do que aqueles que foram defensores de Fernando Henrique
durante os oito anos, que também abafaram a CPI. Muito obrigado.
(Revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Manuela
d’Ávila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. MANUELA D’ÁVILA: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, na quinta-feira
passada nós tivemos um grande exemplo do que significa combate à corrupção, do
que significam as vitórias concretas de quem luta para combater a corrupção.
Depois de dez anos, seis dos quais eu militei, os estudantes da Faculdade de
Comunicação da PUC do Rio Grande do Sul, do Diretório Acadêmico Arlindo
Pasqualini, conseguiram retomar a entidade estudantil que estava nas mãos do
mesmo grupelho político - porque não é grupo político aquilo - e trazer
de volta os interesses dos estudantes, os interesses da juventude daquela
Faculdade, na qual eu me orgulho de ter estudado, militado e dado quase que
integralmente seis anos da minha vida pela democracia e pelo fim real da
corrupção, que acontece em pequenos detalhes, feitos, muitas vezes,
infelizmente por jovens de alguns Partidos políticos, pela ganância financeira
e pela sede louca e ambiciosa pelo poder vazio, sem representação real e usando
todas e quaisquer artimanhas para chegar ao poder. Foram mais de dez anos,
gerações de militantes do Movimento Estudantil. Mas a corrupção naquela
Faculdade, naquele Centro Acadêmico acabou.
É engraçado debatermos nesta Câmara, onde muitos
dos que vêm debater a CPI dizem que devemos parar de tratar das questões
nacionais, mas agora eles trazem esse debate para o Plenário. Eu tenho a
tranqüilidade de debater esse assunto dos Correios, da CPI, do Governo Lula,
porque tenho a convicção de que o nosso Governo é um Governo realizador. Tenho
a convicção de que o nosso Governo é um Governo que mantém dois milhões de
crianças praticando esportes no turno da tarde, a partir do Programa Segundo
Tempo. Eu tenho a convicção de que nós, que estamos agora neste Governo, somos
aqueles que podemos falar de ética e de apuração de toda e qualquer
irregularidade: durante longos dez anos de história da política deste País,
utilizamos a CPI como instrumento para apurar denúncias, porque a nossa Polícia
Federal e nosso Ministério Público tinham o seu trabalho obstruído pela
Presidência da República de Collor, depois de Fernando Henrique, e agora nós
não vamos fazer diferente.
Não aceitamos que aqueles que não têm ética,
aqueles que não têm compromisso real com o povo neste País venham fazer
afirmações e exigir que essas denúncias sejam apuradas. Nós, a Frente Popular,
quem dirige este País e quem está mudando este País é que queremos apurar,
colaborar e celebrar o resultado das apurações da Polícia Federal e do
Ministério Público, como temos feito em todas as apurações de escândalo
envolvendo juízes, envolvendo altos cargos de poder deste País, como fez semana
passada o Ver. Adeli, ao trazer para este plenário uma Moção em apoio ao
trabalho desta Polícia que teve, durante anos, o seu trabalho obstruído. Nós
não vamos aceitar que esses, os responsáveis por acoplarem a ostra da corrupção
na pedra, queiram retirá-la, nós estamos retirando, o nosso Governo é o Governo
que mais apura irregularidades e vai continuar apurando, porque não tem medo
delas. Nós, junto com o povo deste País, queremos apurar essas irregularidades,
porque temos a convicção de que ética não é uma palavra para falarmos esporadicamente,
ética se vive, e tem ética quem quer mudar este País, tem ética quem quer tirar
este País da mão daqueles que governaram durante oito anos e que seguem...
Pasmem, Srs. Vereadores, no Estado de São Paulo,
comandado pelo Governador Geraldo Alckmin, do PSDB, existem 44 CPIs para apurar
a corrupção daquele governante. Cadê as palavras sobre essas? Cadê as palavras
para apurarem a CPI que está justamente denunciando o fim da TV Cultura de São
Paulo?
Nós, que governamos com muito orgulho este País, vamos
celebrar, junto com o povo brasileiro, a apuração dessas denúncias, punir os
culpados, mas, acima de tudo, continuar com a mesma convicção, com a mesma
certeza nas mentes e nos corações. Vamos apurar, porque não vamos aceitar a
provocação da oposição conservadora, vamos seguir governando este País e
mudando, fazendo do Brasil um País de verdade de todos e de todas. Muito
obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): A Verª Clênia
Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, queríamos saudar a
população de Porto Alegre que se faz representar aqui, acompanhando nossos
trabalhos desta tarde; senhoras e senhores, evidentemente, o tema central desta
tribuna foi a profunda crise ética, política e institucional que hoje vive o
Brasil. Era inevitável que, acompanhando a crise política do Governo Federal,
do Congresso, que foi atingido pelas denúncias de um Presidente de um Partido
da base do Governo, essa temática não ficasse circunscrita aos limites de
Brasília. Não é por ser um debate do Governo Federal que nós, Vereadores, temos
de ficar isentos a ele, pois, quando a questão é ética na política, a questão
deixa de ser dos políticos, deixa de ser dos políticos envolvidos, deixa de ser
dos Partidos envolvidos para ser de todos os agentes públicos e de toda a
sociedade brasileira.
Eu queria dizer, em contraponto a algumas
intervenções que me antecederam, que, infelizmente, o fato de a política
brasileira ter sido permeada sucessivamente por escândalos, por instalações de
CPIs não serve de motivo para a não-criação de uma CPI no Congresso Brasileiro.
Quero dizer às Sras. Vereadoras e aos Srs. Vereadores que, na grave crise
institucional brasileira, que envolve diretamente os dirigentes do Partido do
Presidente da República, envolve Deputados, Senadores da base de apoio do
Governo, há um réu confesso, que é o Presidente de um Partido da base de apoio,
o que é elemento mais do que suficiente para a instalação de uma CPI; não uma
CPI por motivos eleitoreiros! Não só uma CPI para fazer jogo político, mas uma
CPI para poder investigar a fundo as gravíssimas denúncias que põem em risco a
credibilidade das instituições deste País.
É verdade que, nos Governos que se antecederam,
houve gravíssimas denúncias, mas isso não justifica a defesa da base do Governo
Federal de querer impedir essa CPI. Eu também acredito muito no trabalho da
Polícia Federal brasileira. Acho que a Polícia Federal, inclusive, nesses últimos
anos, deu inúmeras provas de competência, em inúmeros momentos, nas suas
investigações públicas. Mas são papéis diferentes. E a gravidade das denúncias
nos impõe não apenas a investigação da Polícia Federal, mas a investigação de
todas as Polícias, a investigação de todos os órgãos da Justiça, do Ministério
Público, porque, sobre este Governo, recaiu uma enorme esperança. E é preciso
que haja, portanto, uma explicação para a sociedade brasileira, que, durante
tanto tempo e por inúmeras vezes, colocou as suas esperanças no mundo político.
Hoje, mais uma vez, ela se vê decepcionada diante das denúncias gravíssimas que
são formuladas, nas quais está envolvido o próprio Presidente da República, na
palavra do Presidente do PTB, Roberto Jefferson, quando ele diz que o
Presidente já conhecia essas denúncias.
Eu acho que nos cabem explicações, a todos aqueles
que acreditam na democracia, que não querem vê-la desmoralizada, que não querem
constituir uma ação irresponsável, que querem construir os mecanismos legais e
institucionais para que se possa investigar, para que os culpados possam ser
responsabilizados pelas suas ações, para que o povo, a sociedade brasileira
possa conhecer quem são efetivamente os que estão e os que não estão
envolvidos! Isso é uma ação extremamente importante para a democracia, para o
Congresso, para o Governo e para o futuro e credibilidade das instituições
democráticas e parlamentares; instituições parlamentares, sem as quais, é
impossível se constituir a democracia!
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu até me surpreendo
de estar nesta tribuna, neste momento, no período de Comunicação de Líder,
falando no Governo Federal. Mas, no momento da eleição presidencial, eu dizia
que, se o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva ganhasse a eleição, ele não
teria quadros para administrar o País. E o que está se vendo agora é a tristeza
em relação às notícias, que são manchetes em todas as revistas, em todos os
jornais, nas rádios, na televisão. O Governo vai mal, e o povo vai pagar por
isso. A Revista Época noticia: “O ‘laranja’ de Jefferson...” - apareceu um
“laranja” do Jefferson, homem forte do nosso querido Presidente da República.
Amigo do Roberto Jefferson, um sorveteiro, diz que ganhou uma rádio do Deputado
e jura confiar em sua honestidade (Lê.): “Eu sou o dono da rádio, em termos,
né? O Boy é que é meu sócio nessa rádio. O Roberto deu essa rádio para
mim e para ele. Eu não tinha dinheiro para gastar, a não ser que apanhasse com
o Deputado.” Segue, ainda, o “laranja”, o sorveteiro, que era um homem
“quente”: “Nós éramos grandes amigos, de muito respeito. Ele exigia que eu
tomasse café com ele. Eu lia o jornal para ele na porta do banheiro. Eu
agarrava a mulher dele e a jogava de baby-doll no colo dele.” E por aí
ele vai.
Mais adiante - por isso acho que uma CPI seria
importante, e eu não sou defensor de CPI (Lê.): “Nas barbas do Banco Central.
Documentos mostram que corretora ‘laranja’ recebeu 480 milhões de reais do
Banco Santos e enviou quase tudo a doleiros enquanto fiscais do Banco Central
vigiavam a instituição de Edemar Cid Ferreira.” Quem sabe essa CPI também pega
aquele que é o pior brasileiro vivo, o Sr. José Ribamar de Araújo Costa,
conhecido neste País como José Sarney? Ele não é uma das 230 mil vítimas do
Banco Santos. Não, não é! Ele tirou o dinheiro dele todo dois dias antes. É o
homem que deu ao Brasil o campeonato mundial de inflação. Eu acho que só na
Alemanha, depois da 1ª Guerra Mundial, houve inflação igual a do Sarney: 85% ao
mês! Então, talvez, nesse encontro de pessoas sérias, de pessoas responsáveis
pelas nossas vidas, nós encontremos solução para aquilo que acontece no Brasil;
talvez nós consigamos entender como é que o Presidente da Câmara Federal,
Severino, que é do meu Partido, tão amigo também do Presidente da República,
conseguiu superar o seu oponente da forma que superou. Os dois foram para o 2º
turno, e o seu oponente fez menos votos do que havia feito no primeiro turno.
Talvez nós consigamos, buscando, rebuscando, encontrar soluções para esses
tantos que não desejam fazer este País maior, com um povo que possa viver muito
bem, mas que apenas alguns ‘laranjas’ - e essas laranjas são azedas para todos
nós - é que conseguem ter benefícios e vantagens contra aqueles que trabalham
noite e dia para ganhar um salário mínimo, que a Constituição Federal, a
Constituição Cidadã, diz que sustenta quatro pessoas, com casa, comida, roupa
lavada, férias na praia e, ainda, dinheiro na poupança. É o que diz a
Constituição Cidadã. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
(O Ver. Elói Guimarães reassume a presidência dos
trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Apregoamos a
Emenda nº 02, de autoria da Verª Margarete Moraes, ao PLE nº 007/05.
Havendo quórum, passamos à
O Ver. Mario Fraga está com a palavra para um
Requerimento.
O SR. MARIO FRAGA (Requerimento): Sr.
Presidente, nós, da Bancada da situação, queremos apresentar um único
Requerimento: para que o PLE nº 007/05 seja votado.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Não há
acordo? Se não há acordo, eu submeto inicialmente à votação.
Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Mario
Fraga. (Pausa.) O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra para encaminhar a
votação do Requerimento de autoria do Ver. Mario Fraga.
O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, é claro que o ideal é
que houvesse um entendimento, um acordo para votarmos os Projetos que estão em
pauta para votação. Na verdade, o que nos causa estranheza, quando colocam como
prioridade a criação da Secretaria da Acessibilidade - não é o fato de nós nos
pronunciarmos contra; é, exatamente, para quem está acompanhando poder perceber
-, é que, há mais de dois meses, existe na pauta de votação um simples
Requerimento para formação de uma Comissão Especial para discutir as políticas
de acessibilidade. Nós percebemos que esse não é assunto somente do Governo
Municipal, estende-se muito mais do que isso, abrange o nível estadual e
federal. Todos nós sabemos, Ver. Luiz Braz, que existe Projeto do nobre Senador
Paim para poder criar o Estatuto dos Portadores de Deficiência ou Estatuto dos
Portadores de Necessidades Especiais, que não teria sentido se nós não
criássemos os fóruns de discussão para essas políticas e agregássemos ao
Estatuto a discussão interna ou ampliada em Porto Alegre.
E estamos aqui simplesmente reivindicando que se
vote junto o Requerimento para a formação dessa Comissão, em que todas as
Bancadas terão assento, para podermos viabilizar, contribuir, inclusive, com a
futura Secretaria. Não é nada de extraordinário, é apenas uma forma de dizer
como nós queremos que a comunidade de Porto Alegre seja incluída em um projeto
estratégico do próprio Governo, quando inclusive se absteve aqui no plenário,
quando votada a Secretaria da Juventude, de criar o Conselho Municipal da
Juventude, de autoria do Ver. Carlos Garcia, e a Formação Especial de Juventude,
de autoria da Verª Manuela. Agora, temos impressão de que é o mesmo filme que
está passando nesta Casa, de não possibilitar a discussão permanente dos
diversos segmentos para poder construir um projeto estratégico por toda a
Cidade.
Nós entendemos, como Bancada do PT, que esse não é
um Projeto somente do Governo e do futuro Secretário, é do conjunto dos
segmentos, isso para que possamos construir políticas públicas e acessibilidade
para toda a Cidade. É nada mais do que contribuir para a formação de uma
Comissão Especial, a fim de criar a possibilidade de esses cidadãos se
manifestarem livremente nesta tribuna e nos seminários que iremos promover numa
contribuição ao futuro Estatuto dos Portadores de Deficiência, que é de nível
nacional. Nós temos que começar a entender que isso não é meu, isso não é seu,
é da sociedade, uma forma de contribuir para que todos se sintam incluídos.
E, neste momento, nós percebemos mais uma vez que
será votado somente um Projeto - nós teríamos que votar hoje vários Projetos -,
dá impressão que é um rolo compressor, mais uma vez, querendo demonstrar que
nós somos simplesmente contra por ser contra. Nós temos argumentos suficientes
para poder demonstrar à Bancada da situação que nós queremos, sim, por ser
oposição, estar incluídos nesse processo de discussão política, para poder,
então, estender aos demais segmentos da sociedade. Porque esta é uma Casa
plural, democrática, e nós exigimos, aqui, a democracia para todos. Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver.
Professor Garcia está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento
de autoria do Ver. Mario Fraga.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, aqueles que nos
assistem, as pessoas que me conhecem sabem que eu sou um homem de diálogo.
Tentei mostrar e formar aqui na tarde de hoje uma reunião. Havia solicitado ao
Ver. Mario Fraga, que estava coordenando os trabalhos, que o Projeto sobre
Acessibilidade não entrasse hoje, entrasse na quarta-feira, para que a Frente
Popular pudesse se reunir, emitir um juízo de valor mais apropriado, e
aparentemente estava acordado. Fizemos um pré-acordo que seria votado,
primeiramente, o Projeto do Ver. Carrion - com alteração de logradouros -,
depois os Requerimentos, um Requerimento nosso a respeito da Comissão de
Drogadição; Requerimento de Avanço da Visibilidade Homossexual, Comissão
Especial de PPDs e o Requerimento dos 120 anos do Colégio Americano, e foi
solicitada, também, a inclusão do Requerimento do Ver. Ismael, uma Moção de
Apoio à CPI. Tudo isso estava acordado para ser votado hoje.
E não conseguimos entender por que, de uma hora
para outra, foi alterado o acordo. Se for para alterar, este Vereador vai
discutir todos os movimentos. Então, o que vai acontecer? E aí que eu estou
dizendo que é algo irracional. Hoje não haverá condições técnicas de ser votado
o Projeto de Acessibilidade. Quer dizer, estamos prorrogando, por birra, algo
para quarta-feira, que vai vir numa forma de tensionamento, que vai fazer com
que os Vereadores, talvez todos os 36, discutam, e talvez nem quinta seja
votado, ficando para outra semana. Será essa a lógica que queriam?
Ora, gente, nós somos todos adultos, nós temos que
fazer o embate político não o embate da mesquinhez, e é o que ocorreu nesta
tarde. Este Vereador não conseguiu entender o que ocorreu. Quer dizer: tu
sentas, faz acordo, pré-acordo, negocia, e não dá? Tudo bem. Eu acho que é
legítimo discutir, encaminhar, só que, na realidade, isso é uma forma de
procrastinar - é o que está sendo feito hoje, aqui. São 17h46min, nós vamos ter
outros encaminhamentos e estamos encaminhando o Requerimento para ver se a
discussão do Projeto vai ser nesta Sessão ou não. Ato contínuo, vai começar a
discussão do Projeto.
Então, gente, eu volto a dizer - e é claro que acho
que o processo é democrático - que faltou um pouco de sensatez e de boa vontade
em negociar, volto a dizer algo que já disse inúmeras vezes aqui nesta Casa: o
negócio, para ser bom, tem que ser bom para ambas as partes, senão um leva
vantagem. Então, foram cedidas algumas coisas, abriu-se mão de outras, para que
todos pudessem ser contemplados. Aí, houve um retrocesso, e nós não conseguimos
entender o porquê desse retrocesso. O nosso Partido pensa de forma clara: não
há como votar algo que já estava pré-acordado e que depois teve volta. Então,
tem-se que vir a esta tribuna dizer o que, na realidade, ocorreu, porque é
importante para esclarecimento, para as pessoas saberem de que forma se dá a
dinâmica. Agora, eu volto a dizer: isso não é lógico, não é racional. Estão,
simplesmente, jogando contra as suas próprias intenções. Se a intenção era
votar o Projeto, por essa atitude, acaba-se não votando, criando ojeriza ao
Projeto, criando celeuma sobre o Projeto. Eu volto a dizer que é insensatez.
Alguém deverá explicar-me o que ocorreu. Se estavam
contemplados os Requerimentos, se estava contemplado o Requerimento polêmico do
Ver. Ismael, o apoio à CPI, que, é claro, vai ter uma longa discussão, e para
quarta-feira o da Acessibilidade... Não! Muda-se tudo, talvez por não se querer
entrar no da CPI, do Ver. Ismael, ou talvez em um dos nossos Requerimentos, eu
não sei... Acho que outras pessoas devem vir aqui e tentar explicar. Só que não
era isso. Hoje, de sã consciência, o Projeto da Acessibilidade não tem como ser
votado, porque todos os Vereadores vão acabar discutindo a matéria. Nós estamos
recém discutindo o Requerimento para ver como vai se dar a formatação do
processo legislativo desta tarde. Sr. Presidente, muito obrigado; lastimo o
episódio ocorrido.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul
Carrion está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria
do Ver. Mario Fraga.
O SR. RAUL CARRION: Exmo. Ver.
Elói Guimarães, demais Vereadores e Vereadoras desta Casa, em primeiro lugar,
em nome da Bancada do PCdoB, quero dizer que nos sentimos um tanto frustrados,
porque estava em andamento uma negociação de votação de uma série de Projetos.
Depois, houve um entendimento, eu havia escutado que a Frente Popular e
diversos Partidos da Frente Popular solicitaram que essa votação se desse
quarta-feira, para um melhor estudo do Projeto, e com o compromisso de
quarta-feira fazermos essa votação. A partir desse pedido, Ver. Mario Fraga, eu
pensei que a questão estava contornada e que iríamos votar na quarta-feira,
inclusive informei que o PCdoB tinha uma determinada opinião, que iria discutir
dentro da Frente, mas que, evidentemente, acatávamos um pedido dos demais
Partidos da Frente Popular para chegar a um consenso na própria Frente Popular.
Parece-me que o Requerimento feito atropela esse
pedido e coloca, de imediato, a votação da Secretaria de Acessibilidade. Nós
entendemos que é um tema importante. Como Bancada individual, neste momento,
temos uma posição favorável, ainda que tenhamos questões a corrigir. Por
exemplo: não consideramos correto que em pleno mês de junho, Ver. Bernardino,
nós votemos um Projeto retroativo a 1º de janeiro; aí não nos parece justo e
defendemos a Emenda de lavra da Verª Margarete Moraes.
Outra questão: nós temos nesta Casa um Projeto meu
e da Verª Margarete criando uma cota de 10% a 20% para os portadores de
deficiência nos estágios na Prefeitura, e esse mesmo Projeto cria uma cota de
10% a 20% na Prefeitura para os terceirizados. Lamentavelmente, a maioria do
Governo na CCJ votou contra, Secretário Tarcísio. Então, fica difícil entender:
por um lado, a criação de uma Secretaria e, por outro lado, a Bancada do
Governo votando contra um Projeto de extrema relevância; inclusive, eu tive a
oportunidade de convidar o Secretário Tarcísio para vir aqui examinar e
trabalhar na Bancada do Governo.
Temos também um pedido de Comissão do Ver. Oliboni
para tratar da questão da Acessibilidade, e também não há concordância da
maioria governamental em votar. A Bancada do PCdoB está inclinada - até por
entender que cada Governo cria a estrutura que entende adequada - a votar
favoravelmente, mas não há vontade de aguardarem até quarta-feira para que a
Bancada da Frente Popular leve uma posição conjunta. Não querem votar a
Comissão Especial sobre a Acessibilidade da Casa; votam contra, na CCJ, um
Projeto meritório. Então, eu pergunto: é uma Secretaria, Secretário, para
realmente tratar da questão dos portadores de deficiência ou para acomodar
interesses políticos, para acomodar cargos dentro do Governo? Nós começamos a
ter dúvida e gostaríamos que a Bancada do Governo deixasse para quarta-feira.
Nesse sentido, nós vamos votar contra. E começamos a nos preocupar, porque não
há necessidade desse atropelo! Vamos trabalhar conjuntamente, se realmente o
interesse for o portador de deficiência.
Então, em função disso é que a Bancada do PCdoB,
que, em princípio, é favorável, votará contra esse Requerimento que atropela as
negociações em curso. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em votação
nominal, solicitada pelo Ver. Mario Fraga, o Requerimento s/nº de sua autoria.
(Pausa.) Os Vereadores Raul Carrion, Manuela d’Ávila, Aldacir Oliboni, Carlos
Comassetto e Adeli Sell trocam seus votos de “sim” para “não”. (Após a apuração
nominal.) APROVADO por 21 votos SIM e 09 NÃO.
Portanto, vamos examinar, na Ordem do Dia, o PLE nº
007/05.
A Presidência recebe três Requerimentos, pela ordem: o primeiro Requerimento, de autoria da Verª Sofia Cavedon, solicitando que seja adiada a discussão do PLE nº 007/05, por cinco Sessões; o outro Requerimento, após a definição desse, eu vou examinar; e há um terceiro Requerimento.
Em votação o Requerimento de autoria da Verª Sofia
Cavedon. (Pausa.) O Ver. Adeli Sell está com a palavra para encaminhar a
votação.
O SR. ADELI SELL: Sr.
Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, cidadãos e cidadãs de
Porto Alegre, como se trata da criação de uma Secretaria Municipal,
independente do seu peso, da sua importância, é preciso discutir
exaustivamente. Eu não entendo como entra em votação esse Projeto no dia 6 de
junho, depois de cinco meses de Governo. Se o Governo tivesse interesse, se a
Secretaria tivesse a importância brutal que está querendo dar, para pedir o
art. 81 - e o povo que nos assiste tem que saber queo art. 81 é votação
urgente, urgentíssima... Eu não entendo porque não entrou o Projeto quando, no
início do Governo, nós discutimos a criação da Secretaria da Juventude.
Depois, vou-me manifestar sobre o conteúdo dessa
Secretaria. Vejo, no plenário, algumas pessoas do Governo que nos acompanham,
então, eu quero deixar bem claro a todos e a todas que é preciso fazer o debate
até o fim, porque, se um Governo quiser trabalhar, não é pelo número de
Secretarias, não é pela criação de uma Secretaria, muito menos de forma
afobada, de forma sob pressão que estamos fazendo aqui, porque nós temos vários
Requerimentos que há semanas dormem na Ordem do Dia. Nós temos vários Projetos
que passaram uma, duas, três vezes pelas Comissões e tínhamos uma norma de que,
a cada ano, se arquiva, e volta toda a ladainha de novo. Nós teríamos, sem
dúvida nenhuma, uma centena de Projetos para votar antes deste Projeto que quer
criar a Secretaria de Acessibilidade.
Se até agora deram conta - Secretaria dos Direitos
Humanos, Secretaria da Juventude, Secretaria de Educação, Fundação de
Assistência Social e Comunitária, Secretaria da Saúde, tantas e tantas
instâncias governamentais -, por que não continuam a dar conta dessa atividade?
Ora, senhores, uma Secretaria dessas só pode atrapalhar a forma de trabalhar
conjuntamente. Não há como trabalhar a acessibilidade? Ah, esqueci-me da
Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, porque, quando eu fui Secretário
- posso citar a da Cultura também -, fui chamado duas vezes para comparecer ao
Fórum de Acessibilidade, e qual era a principal reivindicação? Tirar os camelôs
das calçadas, porque atrapalhavam os portadores de deficiência visual, porque
atrapalhavam os cadeirantes. Nesse sentido, eu fiz um trabalho importante na
Secretaria, tendo em vista as necessidades das pessoas portadoras de
necessidades especiais, deficiências físicas, deficiências visuais.
Portanto, não há por que ter essa pressa. Mas, se
preciso for, não importa o horário que saiamos daqui, temos todo o tempo do
mundo, porque muitas vezes terminamos as Sessões antes do tempo, muito antes do
tempo, que nós poderíamos ter ocupado para discutir. Não houve nenhuma
discussão nas Comissões, ou seja, estão-nos tirando o direito, estão-nos
tirando o dever de discutir importantes Projetos de Lei nas Comissões.
Portanto, se depender de nós, não votaremos hoje esse Projeto, porque queremos
discutir às últimas conseqüências! Nós somos favoráveis àqueles que precisam
ser incluídos socialmente, àqueles que precisam ser incluídos no aspecto urbano
de nossa Cidade, mas não é por pressão, não é por chantagem. E, depois, não
adianta sair daqui e dizer que somos contra os portadores de deficiências,
porque o povo sabe que nós sempre estivemos ao lado daqueles que têm
necessidades especiais! Não nos enganam! Não nos enganam com essa pressão! Nós
não vamos nos submeter a esse tipo de chantagem, a esse tipo de pressão! Muito
obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): A Verª Sofia
Cavedon está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de sua
autoria.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr.
Presidente, Ver. Elói Guimarães; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
uma lei que cria uma nova Secretaria, no mínimo, tem de ter de nós, Vereadores,
uma discussão séria, longa, que garanta, pelo menos, que a sociedade possa se
pronunciar a respeito do tema. Qual a consulta que o Governo Fogaça fez para
entrar nesta Casa com a criação de uma Secretaria dessa ordem? Qual a
manifestação popular que existe a respeito disso? Sabem os Conselheiros do
Orçamento Participativo que o Governo ampliará estruturas e segmentará
políticas públicas? Sabem os servidores públicos municipais que o Governo, em
trinta e poucos dias de tramitação - portanto, sumária nesta Casa -, quer criar
novas despesas, criar novos CCs e, certamente, criar novas necessidades, sim,
de custeio, de pessoal e de desenvolvimento de políticas com uma nova
estrutura? Não estou vendo aqui, como já aconteceu, na história desta Cidade,
como deve acontecer, a representação das associações dos servidores municipais,
das diferentes associações. Funcionários esses que, hoje, neste momento,
discutem os seus reajustes salariais, discutem as promoções, discutem condições
de trabalho.
O tema é: por que, açodadamente, o Governo Fogaça,
que diz que vai construir com a Participação Popular suas políticas públicas,
quer aprovar novos gastos na Cidade? Esse é o motivo principal que nos traz à
tribuna para encaminhar o adiamento por cinco Sessões, porque não houve
possibilidade de discussão, nesta Casa, sobre este tema: Secretaria de
Acessibilidade e Inclusão. Não houve a possibilidade de, na Comissão de
Direitos Humanos, ouvirmos os diferentes segmentos dos PPDs, o Fórum Municipal
dos Portadores de Deficiência, a Comissão Municipal de Acessibilidade, de se
fazer um diagnóstico e um balanço do que aconteceu em cidades que criaram
Secretarias como esta. Balanço que, pelo pouco que podemos discutir, não é
positivo, porque a constituição de uma Secretaria separada segmentou, tirou
poder de abrangência das políticas para os portadores de deficiência.
Então, senhores, é muito, é de uma forma muito
irresponsável e leviana que se promove de novo uma construção que muda a
organização da Cidade e que não traz balanço, que não traz mobilização social,
não traz a opinião dos cidadãos que sofrerão repercussão em relação a esse
tema. Esta Casa tem, desde o início do ano, como Requerimento do Ver. Aldacir
Oliboni, uma Comissão para tratar desse tema. Se tivesse o Governo tão
interessado nesse tema, a sua base teria acordado, mas tem sido
sistematicamente contra que votemos aqui a constituição dessa Comissão para a
Câmara se debruçar sobre o tema. Poderíamos estar chegando à conclusão, neste
momento, que o problema das políticas públicas à acessibilidade de Porto Alegre
é a inexistência da Secretaria, mas não igual à forma como fez com a Secretaria
da Juventude, não se discutindo. O Governo não quer discutir nesta Casa, por
mais que afirme as suas políticas, isso vai acontecer com a acessibilidade, e a
nossa Bancada aqui encaminha, a Frente Popular encaminha a necessidade de
protelar esse debate e de se fazer esse debate.
Nós infelizmente não estamos entendendo esta Casa
como um lugar de debate da construção a partir da divergência. Não estamos
vendo esse espaço. O que tem de fazer, aqui, a Bancada de oposição, é tentar
protelar a forma que, sendo maioria, o Governo utiliza para evitar o debate e
dar seqüência às suas políticas. Isso só pode trazer prejuízo à cidade de Porto
Alegre.
Nesse pouco tempo já podemos fazer algumas
contribuições que mostram como não está bem o Projeto aqui apresentado e que se
quer votar tão rapidamente. A Verª Margarete Moraes altera o art. 13,
estabelecendo que entra em vigor essa lei na data da sua publicação, e não
retroativa a 1º de janeiro, senhores! Um Projeto que entra aqui em final de
maio, retroativo a 1º de janeiro, vamos lá, vamos criar CCs com essa
retroatividade? Que seriedade é essa? Será que estão de acordo os cidadãos
desta Cidade? Então, é nesse sentido que apelamos que o Requerimento de
adiamento seja aprovado e que possamos fazer uma discussão séria e nos
responsabilizar pelo que votamos aqui. Obrigada.
(Não revisado pela oradora.)
O SR. PROFESSOR GARCIA (Requerimento): Sr.
Presidente, solicito verificação de quórum.
O SR. MARIO FRAGA (Questão de Ordem): Sr.
Presidente, a verificação de quórum pode se dar a qualquer momento?
Então, de forma clara e fraterna, estou esperando o
Plano Plurianual para ver o que diz das metas dessa Secretaria que está sendo
proposta, mas ter o impacto financeiro eu acho muito importante. Solicito que
ele seja enviado para a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, cujo
Presidente é o Ver. João Antonio Dib - Vereador, para que V. Exª possa receber
o impacto financeiro da Secretaria e imediatamente nomeie um Relator, para que
possamos apreciar inicialmente o impacto financeiro dessa Secretaria.
Já nos disseram que não há grande impacto, mas toda
a criação de cargos tem impacto, mesmo que não seja de grande densidade, até
porque - eu volto a dizer - eu ouvi sobre a questão dos impactos sociais que
saiu na imprensa, falaram em 9 bilhões, e o Orçamento de Porto Alegre deste ano
é de 2 bilhões e 185 mil, multiplicando por quatro não consigo chegar aos 9
bilhões que querem para serem investidos na questão social, sem contar, ainda,
o pagamento de funcionários, porque certamente todos vão receber um dia.
Então, estou fazendo esse exercício para ver a
seriedade com que nós temos que tratar o assunto. Eu fico preocupado, porque,
recentemente, na história do Executivo do Rio Grande do Sul, criou-se uma Secretaria,
a Secretaria de Desigualdade Regional, cujo titular é o Secretário José Hugo; a
Secretaria teve uma vida de seis meses, e o Sr. José Hugo foi demitido pela
imprensa, porque, na realidade, criou algo que não tinha uma necessidade maior,
porque estava compartilhada com outros elementos.
Não quer dizer que seja esse o caso dessa
Secretaria, mas nós havíamos solicitado um prazo de 48 horas para estudar mais
o Projeto, discutir entre os Partidos da Frente Popular a fim de tomarmos uma
atitude. Não tivemos esse contraponto, não fomos atendidos na nossa
solicitação. Entendemos a importância de fazer a discussão. E é por isso que
estamos propondo a prorrogação por cinco Sessões, porque aí teremos um tempo
maior, e vai vir o impacto financeiro. O Ver. João Antonio Dib, como Presidente
da Comissão de Economia, Finanças e Orçamento, vai escolher um Relator, e, aí,
esta Casa, com toda a tranqüilidade, com os 36 Vereadores, vai saber da
realidade, o que se está votando, como se está votando e qual o impacto financeiro
da votação. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): O Ver. Raul
Carrion está com a palavra para encaminhar a votação do Requerimento de autoria
da Verª Sofia Cavedon.
O SR. RAUL CARRION: Exmo
Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, reitero que o que
vamos votar agora não é o conteúdo e se vamos criar ou não a Secretaria. O que
nós estamos votando é se hoje nós temos de votar imediatamente, no afogadilho,
ou aceitamos que a oposição examine, tire uma opinião conjunta e faça os
aperfeiçoamentos que entende. E, aí, como disse na primeira intervenção, eu
entendi que havia sido acatada essa solicitação do bloco de oposição.
Infelizmente, não.
Então, por que nos preocupa? O Ver. Dr. Goulart
escuta atentamente. Eu tenho em mãos, Ver. Mario Fraga, um Requerimento do dia
26 de janeiro. O que este Requerimento solicita? Uma Comissão Especial de
Políticas Públicas para pessoas portadoras de deficiência. Há o Parecer
favorável da CECE, Comissão de Educação, e da CEDECONDH. Vinte e seis de
janeiro! Depois, quatro meses depois, entrou o Projeto do Executivo, louvável,
criando uma Secretaria Especial de Acessibilidade, assunto importante para
inclusão social.
Por que não se vota a Comissão nesta Casa? Essa
dormita nas gavetas! Se se quer fazer política, por que não a Casa do Povo, que
é a totalidade da representação, como diz o Prefeito Fogaça? Não, esta aqui
não! Agora, esta aqui, art. 81, não passou pelas Comissões de mérito, só pela
CCJ e tem que se votar goela a baixo. Mas não é só isso. Há um outro Projeto
que está aqui desde 18 de agosto de 2004 criando o direito de cotas para o
estagiário e para o terceirizado - Parecer da CCJ, da lavra do Ver. Paulo
Odone, que é do Partido do Governo. Bloqueiam a Comissão do Legislativo e dão
Parecer contrário a um Projeto que cria uma cota para os deficientes. Eu
pergunto: pode haver seriedade em criar essa Secretaria, se, na Legislação que
tenta enfrentar o problema, há bloqueio e, na Comissão da Casa, há bloqueio?
Então o que queremos? Negociar. Tudo bem, vamos criar uma Secretaria? Mas vamos
criar uma Comissão nesta Casa; vamos fazer um Projeto de mérito na questão dos
portadores de deficiência nesta Casa. Aí eu pergunto: ou querem fazer como
fizeram com a Secretaria da Juventude, quando aqui no microfone se
comprometeram a agilizar a Comissão Especial da Juventude, que foi aprovada e,
apesar de aprovada, Verª Clênia, até hoje está engavetada? Só querem criar
Secretarias, mas não querem discutir políticas públicas; não querem que a
Câmara se debruce, Ver. Ismael? Aí é para acomodar cargos - há a disputa de
esse setor ser do PSDB ou aquele outro, de outro Partido. Já veio Emenda até
para acomodar uma determinada pessoa - aí não é sério!
Então, nós queremos um prazo, Ver. Dr. Goulart. O
Secretário Tarcísio está trabalhando, está fazendo o seu trabalho, tenho
certeza de que ele apóia o projeto dos PPDs, deu-nos pessoalmente a sua
opinião, mas tem de haver consonância na Casa. Tenho a certeza de que o
Secretário Tarcísio apóia uma Comissão desta Casa para contribuir para a
Secretaria, mas nós queremos um conjunto, Secretário, não só o Executivo! Por
isso, sem entrar no mérito da Secretaria - e, quando chegar essa discussão, nós
a faremos -, nós queremos um prazo para negociação. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Em votação
nominal, solicitada pela Verª Sofia Cavedon, o Requerimento de sua autoria.
(Pausa.) (Após a apuração nominal.) REJEITADO por 14 votos NÃO e
11 votos SIM.
Solicito abertura do painel eletrônico para
verificação de quórum. (Pausa.) (Após a apuração nominal.) Quinze Vereadores
presentes, portanto não há quórum. Apenas para esclarecer: é da tradição
Parlamentar dos Plenários que as presenças tenham de ser manifestadas. A presença,
muitas vezes, física do Vereador não significa o seu registro no painel
eletrônico, Ver. Luiz Braz - em homenagem a V. Exª, que é um estudioso do
Direito -, é necessária a manifestação. É a chamada manobra parlamentar, que é
democrática. E, nesse sentido, há antecedentes na Casa.
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): Exatamente.
O SR. LUIZ BRAZ: Antes de V. Exª encerrar, eu
quero dizer que acredito que nós precisamos, Sr. Presidente, fazer uma
modificação no nosso Regimento, para punir, pelo menos com a perda do dia, os
Vereadores que abandonam o Plenário dessa forma. Eu acho que cabe uma Emenda no
Regimento, para que não sejamos prejudicados, bem como para que a população não
seja prejudicada da forma como vem acontecendo nos últimos dias neste Plenário.
(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Elói Guimarães): De acordo.
Portanto, não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 18h32min.)
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